Che - O Argentino/Guerrilha
Depois, em Guerrilha (Parte II), o Che transformado em Ramon. Ramon à mesa com os filhos, Ramon deitado com a cabeça no colo de Aleida, qual Penélope moderna. Mero fragmento antes da passagem para a privação boliviana que abarca a totalidade do filme.
Projecto cinematográfico de Soderbergh e de Benício del Toro (fabuloso na reencarnação do mítico guerrilheiro latino-americano) filmado em dois tomos que bem poderíamos designar pelas geografias: Cuba e Bolívia. A glória (coisa que o Che, na verdade, não queria, homem que era de se realizar na ajuda desinteressada) e o ocaso.
Che não pretende ser biografia, mas faz justiça ao revolucionário e ao homem. Ao guerreiro animado de um desejo de guerra. Em nome da justiça dos povos. Contra a tirania e a opressão. Ao homem justo e severo e, por vezes, implacável.
O Che que respondia acima de tudo aos estímulos morais, e não aos materiais, está lá. Por isso o filme é eficaz. Soderbergh e Benício del Toro conseguiram levar a bom porto esta espinhosa empresa chamada Che.