quarta-feira, outubro 14, 2009

CDU em Beja e Setúbal - Caminhos rumo à vitória e à derrota

Falando da CDU nas autárquicas, Setúbal e Beja revelam tendências de sinal contrário mas com resultados paradoxais.
Começando por Setúbal, a Coligação Democrática Unitária regista uma quebra ligeira, quer em número de votantes quer em percentagem dos votos expressos (38,83% nesta eleições; 40,39% em 2005), mas consegue mesmo assim a maioria absoluta de mandatos na Câmara Municipal, que não detinha em 2005 (4 Vereadores da CDU contra 5 da oposição).

Já quanto a Beja, a CDU regista um aumento do número de votantes (embora descendo em percentagem de votos, que ainda assim é mais alta do que a verificada em Setúbal) e no entanto acaba por perder a Câmara Municipal que detinha desde que o poder democrático de Abril instituiu a democracia local. Ou seja, a boa votação do PC, para utilizar uma linguagem pura e dura, não impediu uma pesada derrota autárquica. Digo pesada não pela dimensão dos números (diferença entre PS e CDU até foi curta), mas sim pelo que Beja representa no imaginário comunista. É pois uma dura perda para a Coligação Democrática Unitária.
Tanto em Setúbal como em Beja, há um terceiro actor que voluntária ou involuntariamente contribuiu para aqueles resultados. Trata-se, evidentemente, do PSD, que vê o seu eleitorado pulverizado em Beja (perde o vereador, passa de uma votação na casa dos 17% para uns reduzidos 4,98% de votos) e Setúbal (recua de três para um vereador). Em Beja, o eleitorado do PSD engrossou a votação socialista, permitindo ao PS ganhar a Câmara. Em Setúbal, a transferência do eleitorado social-democrata para o PS e o CDS criou o quadro da maioria absoluta da CDU agora existente; bastaria o PSD não ter perdido tantos votos para o CDS, ou ter feito uma coligação com este partido, para continuarmos com uma maioria relativa no executivo camarário setubalense.

Jerónimo de Sousa falou em acordo tácito entre o PS e o PSD, no que toca à Câmara de Beja. Talvez assista alguma razão ao Secretário-geral do PCP. Contudo, não é de excluir que o desnorte que afecta o PSD tenha redundado em mais uma “não candidatura”, como sucedeu em Setúbal. É que o desnorte não grassa apenas na direcção nacional, mas também está patente na ligeireza com que algumas concelhias escolhem os candidatos às câmaras municipais.

P.S. Em Baleizão ainda mandam os comunistas.