terça-feira, outubro 13, 2009

O Bloco de Esquerda nas autárquicas/impressões

Temos de considerar negativo o resultado do Bloco de Esquerda, não obstante o número de mandatos obtidos ter sido superior ao verificado nas autárquicas anteriores. Mas esse crescimento foi de tal forma tímido que quase poderíamos falar de uma progressão marginal: passa de 7 para 9 vereadores nos executivos camarários; de 114 para 139 mandatos nas assembleias municipais; de 229 para 235 nas assembleias de freguesia. Muito pouco, portanto.
Sabemos que o processo de implantação nas autarquias não se faz de um dia para o outro, que é preciso muito porfiar. Até porque o terreno já se encontra ocupado por outras formações partidárias há muito implantadas no poder local, casos dos dois grandes partidos nacionais, PS e PSD, e da CDU, que continua a ter uma importante expressão autárquica (apesar de perdas importantes, como Beja ou a Marinha Grande). Em suma, o processo de implantação será longo e difícil, feito de obstáculos vários.
Só que isso não obsta a que achemos que o Bloco poderia ter feito mais. Basta olhar para Lisboa e o Porto, onde os candidatos eram pessoas conhecidas nos concelhos em que se candidatavam. Certo que a missão de Luís Fazenda era espinhosa por causa da ruptura com Sá Fernandes, que a nosso ver afectou e muito a credibilidade do Bloco em Lisboa. Mas se para a Câmara Municipal até podia ser expectável uma votação mais reduzida, como se explica o recuo nas assembleias de freguesia da capital? E, no Porto, o resultado de Teixeira Lopes, primeiro deputado a ser eleito para a Assembleia da República por este círculo, é assaz decepcionante. Não ter elegido nenhum vereador nestes dois concelhos tem de ser considerado uma derrota, não há como iludi-lo.
Também em Setúbal, a minha cidade, o resultado do BE ficou muito aquém das expectativas. Penso que a concelhia daqui tem de fazer uma reflexão séria. Porque o BE teve nas legislativas um excelente resultado, mais de 16% de votos. Porque noutros concelhos do Distrito de Setúbal, onde a posição do PCP é bem mais sólida, o BE até conseguiu eleger vereadores, casos de Almada, Seixal e Moita. Porque o BE não progrediu em número de mandatos na assembleia municipal e nas freguesias. Nestas até foi ultrapassado pelo CDS, que conseguiu eleger quatro representantes, contra três do BE. Ora a implantação do CDS no concelho de Setúbal é bem mais diminuta do que a do BE. Como explicar então este resultado do Bloco?

P.S. São questões que têm assaltado um simpatizante da causa, longe de mim querer pôr em causa o esforço e dedicação dos que na minha terra foram para o terreno da luta eleitoral.