sábado, janeiro 30, 2010

A díficil arte de ser humano

Não sou grande fã de trabalhar.
A sério.
Normalmente, quando faço este disclaimer "a sério" é que ninguém me leva. No entanto é verdade.
Proletário suburbano que sou lá tenho de me levantar pelos clarões da madrugada, voltar pelo breu da noite, para ganhar a vida e pagar impostos.
Em tudo o que faço, exijo de mim mais do que qualquer outra pessoa espera de mim. Sempre fui o meu maior crítico e o meu maior apoiante. Sempre estive lá para mim, para me puxar para cima e para me puxar as orelhas.
No trabalho também. Não gosto de trabalhar (a sério!), mas qualquer trabalho é para ser feito o melhor possível, sem desculpas; honrar o nome da minha gente, sempre. Qualquer trabalho, não sou esquisito.
Ontem, descobri que fui nomeado para um prémio a ser votado pelos colegas da "repartição".
"Trusted", they say. They trust me, my suggestions and contributions are highly valued by the team, they say. High standards, they say.
Pois.
Na volta para casa, dei comigo a pensar se alguém mais, quantos mais, estariam a pensar que mereciam receber a nomeação (e o prémio). Eu sei, assim de cor, de meia dúzia que o merecia mais que eu. People I trust for advise and people I look for suggestions and contributions.
Não percebem?
É-me igual. Com nomeação ou sem nomeação, encolho os ombros e na segunda-feira este proletário volta para a "repartição" e volta a dar o litro como sempre fez toda a vida. Não dá para ser de outra forma.
Trust me.