O Partido de Vanguarda e a NATO
O partido de vanguarda julga-se o dono da rua. Faz parte do seu imaginário sentir-se o depositário da contestação.
No espaço simbólico da rua feita voz não admite a disputa ou a diferença, pelo que qualquer grupúsculo que não seja emanação do colectivo é fonte perturbação. Impureza cujo lugar é a quarentena.
Assim, na manifestação lisboeta contra a Organização do Tratado do Atlântico Norte, hoje mais afeita a geografias muito pouco atlânticas, bastaram uns quantos anarquistas para perturbar a ordem da rua.
Porém essa aparição de desordem foi sol de pouca dura, pois logo os profissionais da vanguarda revolucionária e os agentes da segurança do Estado uniram forças para isolar do cortejo as incómodas formiguinhas anarquistas. E a ordem das coisas lá retomou o seu velho curso. E tudo acabou em bem.
É assim o partido de vanguarda: um pé na rua, outro na segurança do Estado.