Professores: uma greve histórica
Podemos afirmar, sem sombra de dúvida, que a greve dos professores foi um sucesso. Mesmo tomando como boa a estimativa do governo, que aponta para uma adesão acima dos 60%, seria a maior de sempre, o que tem de se considerar extraordinário, numa classe profissional marcada pela diversidade de perfis e trajectórias. E sabemos como isso não raro é obstáculo à convergência ou à acção colectiva. Sim, ao contrário do que apregoam os prosélitos da reforma, o corporativismo não é traço dominante desta classe profissional. Nem a greve, enquanto forma de luta, era até há bem pouco tempo consensual entre os professores.
O que mudou então? Foi o despotismo do Ministério da Educação que, ao querer impor às escolas um modelo gestionário feito de obediência e servidão, causou aviltamento e revolta. O concentracionário modelo de avaliação, por entre toda a sorte de tarefas de amanuense, chegava ao ponto de obrigar os professores a fazer portefólios, imagem perfeita de uma política que tudo quer controlar até ao mais ínfimo detalhe (e que imagem da infantilização do professor!)
A par de tais práticas, o lastro populista do discurso que desresponsabiliza pais e alunos, e faz do professor o bode expiatório dos males que assolam o ensino. Veja-se o exemplo de um governo que se congratula pelo facto de “a maioria das escolas” terem permanecido abertas, não obstante não haver professores para ensinar por força da adesão à greve. É a escola enquanto depósito de crianças e jovens, desvirtuada da sua função simbólica.
Desse quotidiano cada vez mais insuportável brotaram (inesperadas) solidariedades e desenvolveu-se um sentimento ou acção de classe que se materializou nas grandes manifestações ou na última greve, sem esquecer a desobediência civil em curso nas escolas. Desobediência civil que ameaça fazer do actual modelo de avaliação um nado-morto (o processo varia de escola para a escola, entre a suspensão e o adiamento, mas o resultado prático é o mesmo). Não parece, pois, haver margem para a actual equipa do Ministério da Educação, que deixou de ser respeitada ou temida pelos professores.
O que mudou então? Foi o despotismo do Ministério da Educação que, ao querer impor às escolas um modelo gestionário feito de obediência e servidão, causou aviltamento e revolta. O concentracionário modelo de avaliação, por entre toda a sorte de tarefas de amanuense, chegava ao ponto de obrigar os professores a fazer portefólios, imagem perfeita de uma política que tudo quer controlar até ao mais ínfimo detalhe (e que imagem da infantilização do professor!)
A par de tais práticas, o lastro populista do discurso que desresponsabiliza pais e alunos, e faz do professor o bode expiatório dos males que assolam o ensino. Veja-se o exemplo de um governo que se congratula pelo facto de “a maioria das escolas” terem permanecido abertas, não obstante não haver professores para ensinar por força da adesão à greve. É a escola enquanto depósito de crianças e jovens, desvirtuada da sua função simbólica.
Desse quotidiano cada vez mais insuportável brotaram (inesperadas) solidariedades e desenvolveu-se um sentimento ou acção de classe que se materializou nas grandes manifestações ou na última greve, sem esquecer a desobediência civil em curso nas escolas. Desobediência civil que ameaça fazer do actual modelo de avaliação um nado-morto (o processo varia de escola para a escola, entre a suspensão e o adiamento, mas o resultado prático é o mesmo). Não parece, pois, haver margem para a actual equipa do Ministério da Educação, que deixou de ser respeitada ou temida pelos professores.