Concorrência ou cartel entre as petrolíferas
Diz o João Miranda, no Blasfémias (ver comentário nesse post): "Como a Galp já controla duas refinarias, se controla também quase todos os terminais, a concorrência não tem hipóteses."
Ou seja, o problema está a montante (no ínicio do processo de produção e distribuição) e não a jusante (junto do consumidor final).
Significaria isto que apesar de poderem vir a existir mais pontos de distribuição e os hipers poderem vir a comprar quantidades elevadas (fazendo uso das suas centrais de compra), os preços seriam determinados sempre pelas condições da Galp.
No entanto, e na realidade, cada uma das petrolíferas a operar no mercado oferece aos seus grandes clientes (p. ex: revendedores regionais, empresas de camionagem ou oficinas) condições diferentes. Estas vão além do preço: prazos de pagamento, transportes, goodwills dos terrenos, construção dos postos ou outros equipamentos... Isto sendo certo que as petrolíferas se abastecem, como o João Miranda relembra, em Sines ou em Leça da Palmeira - na Galp.
O mercado destas empresas inclui produtos químicos, lubrificantes, betumes e outros combustíveis - aviação (em maior escala) e petróleos carburantes e iluminantes (em menor escala). Os lubrificantes são parte relevante do negócio, usando muitas vezes os mesmos canais que os combustíveis. As condições contratuais destas empresas com a Galp (como clientes) ou com os seus grandes consumidores (como fornecedores) também pode depender destes produtos (p.ex. os lubrificantes para as empresas de camionagem).
Nos últimos anos, houve alguma concentração, como a recente compra da rede Shell pela Repsol ou até a fusão Total-Fina-Elf. Este movimento pode tornar mais fácil a fixação conjugada de preços, com mais relevância no preço ao consumidor final- aquele que vai abastecer nas bombas destas marcas. Não será de espantar que exista partilha de informação sobre quantidades, preços, prazos pagamento, nível de reservas... Isto poderá levar a que o preço seja semelhante, uma vez que a informação é partilhada - ou seja, uma espécie de cartel "informal", resultante de um acordo de cavalheiros sobre as regras do mercado.
Difícil será a Autoridade da Concorrência, ou mesmo a D.G. Energia, encontrarem dados que provem estas suposições. Imagine-se o trabalho de análise financeira, de estrutura de armazenamento, de rede distribuição ... que seria necessário em todas as petrolíferas para suportar materialmente estas suspeitas. A não ser que aparecesse alguém, que "agastado" com tal cartel, resolvesse enviar a estas entidades documentação provando esse conluio - uma espécie de arrependido. No meio disto ainda temos que contar com os comunicados da ANAREC, representada pelo Sr. António Saleiro.
Como em qualquer cartel, a tentação de furar o acordo é alta. Quanto maior o numero de postos não pertencentes às marcas ou revendedores tradicionais, mais vezes teremos fugas ao preço único e concertado. Os hipers usarão os seus postos para promover vendas nas "mercearias" ali ao lado, integrando-os nas suas estratégias de marketing operacional.
Daí a "Campanha Super 95 num Hiper perto de si!".
Ou seja, o problema está a montante (no ínicio do processo de produção e distribuição) e não a jusante (junto do consumidor final).
Significaria isto que apesar de poderem vir a existir mais pontos de distribuição e os hipers poderem vir a comprar quantidades elevadas (fazendo uso das suas centrais de compra), os preços seriam determinados sempre pelas condições da Galp.
No entanto, e na realidade, cada uma das petrolíferas a operar no mercado oferece aos seus grandes clientes (p. ex: revendedores regionais, empresas de camionagem ou oficinas) condições diferentes. Estas vão além do preço: prazos de pagamento, transportes, goodwills dos terrenos, construção dos postos ou outros equipamentos... Isto sendo certo que as petrolíferas se abastecem, como o João Miranda relembra, em Sines ou em Leça da Palmeira - na Galp.
O mercado destas empresas inclui produtos químicos, lubrificantes, betumes e outros combustíveis - aviação (em maior escala) e petróleos carburantes e iluminantes (em menor escala). Os lubrificantes são parte relevante do negócio, usando muitas vezes os mesmos canais que os combustíveis. As condições contratuais destas empresas com a Galp (como clientes) ou com os seus grandes consumidores (como fornecedores) também pode depender destes produtos (p.ex. os lubrificantes para as empresas de camionagem).
Nos últimos anos, houve alguma concentração, como a recente compra da rede Shell pela Repsol ou até a fusão Total-Fina-Elf. Este movimento pode tornar mais fácil a fixação conjugada de preços, com mais relevância no preço ao consumidor final- aquele que vai abastecer nas bombas destas marcas. Não será de espantar que exista partilha de informação sobre quantidades, preços, prazos pagamento, nível de reservas... Isto poderá levar a que o preço seja semelhante, uma vez que a informação é partilhada - ou seja, uma espécie de cartel "informal", resultante de um acordo de cavalheiros sobre as regras do mercado.
Difícil será a Autoridade da Concorrência, ou mesmo a D.G. Energia, encontrarem dados que provem estas suposições. Imagine-se o trabalho de análise financeira, de estrutura de armazenamento, de rede distribuição ... que seria necessário em todas as petrolíferas para suportar materialmente estas suspeitas. A não ser que aparecesse alguém, que "agastado" com tal cartel, resolvesse enviar a estas entidades documentação provando esse conluio - uma espécie de arrependido. No meio disto ainda temos que contar com os comunicados da ANAREC, representada pelo Sr. António Saleiro.
Como em qualquer cartel, a tentação de furar o acordo é alta. Quanto maior o numero de postos não pertencentes às marcas ou revendedores tradicionais, mais vezes teremos fugas ao preço único e concertado. Os hipers usarão os seus postos para promover vendas nas "mercearias" ali ao lado, integrando-os nas suas estratégias de marketing operacional.
Daí a "Campanha Super 95 num Hiper perto de si!".