Baralhar e voltar a dar
Durão Barroso vai ter de reconstituir a equipa de comissários a propor ao Parlamento Europeu, numa estreia em termos históricos na UE. Ao proceder às alterações necessárias e suficientes, se deixar cair os nomes que mais controvérsia criaram (como parece óbvio), Durão vai ter de fazer com que os governos dos países que os nomearam indiquem as suas novas escolhas para que, eventualmente, recebam o acordo do PE (o que é curioso, pois o PE não pode vetá-los individualmente).Qual será a atitude de Berlusconi, depois de ter defendido Rocco Buttiglione até ao final? Fará alguma tentativa de o reconduzir ou indicará outro nome depois de se assegurar que Durão lhe deve um favor: talvez uma pasta na área económica? Quais serão as outras trocas?
Por outro lado, este processo reafirmou os poderes do PE frente à Comissão. O próximo colégio de comissários, mesmo que obtenha uma votação de expressiva concordância, saberá sempre que foi aceite por respeitar os parâmetros do Parlamento e a sua actuação deve ser de acordo com as políticas maioritariamente representadas no Paralmento. Diminui a possibilidade de tomar decisões menos populares junto grupos parlamentares com maior peso. Afinal, os deputados foram eleitos e os comissários são nomeados e negociados entre os governos e Durão - e neste caso com o PE.