terça-feira, novembro 16, 2004

O hino e o resto

"Queremos mais Portugal/grande luso pequenino(...)
Santana Lopes é a voz/na vanguarda do futuro/de norte a sul/de todos nós"

Tenham lá juízo! Quem é que aceitou a encomenda de escrever isto?
Eu sei que o hino é irrelevante. Eu sei que não é isto que define o PSD.
Mas define o congresso. Cantatas com ossanas ao líder, que tudo fez para que os nomes mais falados neste congresso não o fossem. No final, apesar da votação que desta vez lhe foi favorável, não conseguiu sair em estado de glória. Para além do mais, as directas dentro PSD, ideia antigamente tão cara a Pedro Santana Lopes, parece ter sido abandonada. Talvez por contrapartida com a segurança de finalmente ganhar. Nem o Prof. Cavaco pareceu disposto a acelerar a tomada de decisão e em não continuar a construir mais um tabuzinho presidencial.
Para além de ver as sondagens dizerem que Sócrates faz bem em estar calado e sossegado (apoiado! sempre nos poupa meia dúzia de citações), "a vanguarda do futuro" ainda teve que apaziguar o aliado Portas, dados os discursos feitos (inclusive por um jotinha todo empertigado) a raiar o desprezo por quem ajuda a sustentar o governo. Fica o aviso de Narana Coissoró, que em política, as alianças não são perenes. O próximo congresso do CDS/PP será uma boa medida de quão beliscado foi o orgulho popular e o de Portas em particular.
Como se comportarão ambos os partidos durante uma campanha eleitoral em separado? A julgar pela ferocidade dos congressistas do PSD e pelas sentidas reacções do CDS creio que a animação está prometida. Depois logo se vê. Os dois partidos não desperdiçarão a oportunidade de voltar a formar governo e o dia após eleições será sempre o primeiro dia do resto da vida de uma nova coligação.