O Som retro no Office
Foi-me apresentada a seguinte situação: um conjunto de LP's seria destruído se eu não lhes desse guarida. Eu, que sou uma alma solidária a quem o sofrimento alheio facilmente comove, decidi de imediato escancarar-lhes as portas de casa e aconchegá-los o melhor possível.
A estes novos co-residentes coloquei-lhes uma só imposição. Teriam de se tornar úteis, senão "a porta da rua, é serventia da casa".
"Que sim, que sim!" retorquiram animadíssimos.
Lá negociámos com a equipa dos CD's o modo como cada um prestaria o seu contributo. Este súbito aumento de factores de produção de prazer trouxe-me um problema inesperado: faltava-me equipamento adequado às suas caracteríticas. No estado corrente da tecnologia doméstica, não tiraria uma mais valia desta co-habitação.
Se há alguma coisa que ninguém me pode apontar é de falta de iniciativa e de inibição para tomar decisões. Depois de algum planeamento e análise da informação recolhida no mercado (tempo gasto em resultado de evidente defeito profissional), decidi investir na formação de capital fixo, no sector de audio lá de casa. Doutra maneira, comprei um gira-discos.
Esta decisão começou já a gerar riqueza e estou a pensar em contratar mais LP's, sem destinção de origem (não sou adepto das barreiras à imigração). Começarei por importar uns quantos que estão desempregados, algures numa gaveta no Alentejo.