quarta-feira, março 23, 2005

O monstro engorda - II

Durante a campanha eleitoral foi muitas vezes referido o peso dos gastos com os funcionários públicos no total da despesa estatal. Não está em causa encontrar culpados nos trabalhadores que tiveram a sorte de ser contratados por tão generoso (em benefícios sociais) e sempre pagador patrão. Por alguma razão tantos continuam a querer ser funcionários do estado, como se pode ver sempre que abre um concurso de admissão à função pública, em qualquer área dos tentáculos estatais.
Hoje ouvi a Frente Comum dos Sindicatos da Função Pública exigir a reabertura de negociações que levem os aumentos salariais de 2%, fixado pelo governo anterior, para um aumento de 5,5%. O que pensarão os contribuintes, trabalhadores e empresários, desta exigência? O que pensarão aqueles que não são aumentados por a empresa não ter disponibilidade e que preferem manter-se empregados ao encerramento ou deslocalização da mesma? Que pensarão os empresários apanhados no actual ciclo económico, tendo o estado como sócio silencioso, recebedor de taxas e impostos? Valerão os serviços prestados pela função pública o que por eles se paga?
Os sindicatos estão a negociar com um empregador falido. Se por uma razão populista, para agradar às centenas de milhares de funcionários (já ouvi falar em 700.000) mais às suas famílias, o governo ceder, serão todos os demais portugueses quem pagará directamente esse aumento. No imediato, com uma subida de impostos proporcional ao aumento, ou daqui a anos, quando os impostos subirem para pagar o actual aumento de dívida pública. Dá igual. Pagam sempre os mesmos.