terça-feira, março 22, 2005

Preocupações de barriga cheia

Os OGM (organismos geneticamente modificados) são habitualmente atacados por organizações ecologistas e de defesa do consumidor, preocupadas com o impacto no ambiente e na saúde que podem adevir da sua plantação e consumo. Temos de ver que estas organizações são originárias dos países ricos ocidentais, onde a escassez de produção agrícola há muitas décadas que não existe. Pelo contrário, temos as famosas pirâmides de excedentes. Nos países onde a fome é um dos maiores predadores e os rendimentos agrícolas miseráveis mantém o nível de pobreza das populações, os OGM são vistos como uma forma de melhorar as perpectivas de vida.
No Portugal Diário dá-se conta que um estudo inglês descobriu que os campos plantados com OGM incluíam menos insectos e isso é apresentado como um facto muito negativo. Esta pode, no entanto, ser uma das suas virtudes: será que um agricultor sub-sahariano quer muitos insectos nas suas colheitas? Por outro lado, no Telegraph, lê-se que as organizações ecologistas destroiem os campos experimentais e ameçam os cientistas, impedindo a conclusão de estudos e fazendo com que o investimento nessa investigação seja transferido para outros países que dela irão beneficiar.
Porque é que estas organizações não contestam mais veementemente a PAC e os subsídios agrícolas europeus que fomentam o excesso de produção ineficiente na Europa, prejudicando gravemente as exportações e os rendimentos dos agricultores em zonas em desenvolvimento?