sexta-feira, abril 01, 2005

Liderar ou não liderar?

Tenho lido com interesse os textos no Lusitano e no Desesperada Esperança, sobre António Borges, os seus projectos políticos e a suas indecisões sobre assumir-se ou não como candidato a liderar o PSD. Gostaria de acrescentar um comentário.
Nos passados meses e em tempos mais recentes, António Borges tem concedido várias entrevistas onde explana as suas ideias para o país, mas sempre num tom de não compromisso próprio com a sua aplicação. Estas entrevistas têm criado um clima de expectativa tal que se pode dizer que se espera que uma expectativa repetida muitas vezes torna-se-á uma realidade. Nota-se na entrevista de hoje ao Público que o discurso é mais virado para o interior do partido, para como este se deve preparar e quais a ideias que deverão nortear o projecto a apresentar aos portugueses.
A abstração física de todas as ideias, conceitos ou programas políticos precisa de homens que as materializem. Como homens que são, certamente terão dúvidas e por vezes cometerão erros, embora num passado recente tenha havido quem se autorgasse uma aura imune a estas humanidades. O papel de salvador do PSD tem sido empurrado para Borges e é demonstrativo da necessidade que as organizações têm de se rever em líderes credíveis (na personalidade e nas capacidades de trabalho), sob pena das ideias que as juntam não terem o catalizador que as demonstre aplicáveis e as execute. A cada entrevista que passa, inclusive pelos nomes que se juntam à sua volta, Borges parece indicar estar a estudar o papel com cada vez mais vontade de o interpretar.