No Festroia as Tartarugas Também Voam
A vigésima primeira edição do Festroia chegou ao fim.
Foi um ano bom, a mostra de cinema foi interessante e diversificada; a qualidade primou.
Pela minha parte , apreciei muito o “Sempre Se Pode Voar” (prefiro o título em inglês, “turtles Also Can Fly”) de Bahman Ghobadi, cineasta curdo de nacionalidade iraniana. Trata-se de um filme perturbante, que nos transporta para a realidade do Curdistão iraquiano em vésperas da entrada dos americanos no Iraque., onde as crianças sobrevivem por entre minas e traumas do passado (as atrocidades perpetradas pelo regime de Saddam Hussein). E este quotidiano das crianças é filmado admiravelmente, a câmara de Bahman mostra-nos a beleza do olhar, a sabedoria estampada no rosto da menina que perdera inocência. A fotografia é magnífica.
O filme tem também um registo divertido e irónico, com as peripécias em torno das antenas parabólicas, única forma de a aldeia saber, por via da CNN, o que em breve acontecerá ao seu país (mais uma vez, guerra). Emerge então um rapaz de nome satélite, figura proeminente entre as crianças e os adultos por ser único capaz de montar as antenas de televisão e por saber um pouco de inglês.
Já tinha travado contacto com este cineasta através do deslumbrante “Um Tempo para Cavalos Bêbedos”.
Dos países nórdicos, conservo dois filmes, “Night and day” de Simon Staho (Suécia) e “Hawai, Oslo” de Erike Pope (Noruega), que me tocaram bastante.
Bem, para o ano há mais (dinheiro parece não faltar, agora que foi firmado o protocolo com o empresário Américo Amorim) .