Para refrescar a memória - I
Lembrei-me durante o fim de semana, passado em terras do Mira, de puxar pela memória familiar sobre os idos de 75 e sobre o fervor PRECuiano desse Verão.
Para começo e para situar a memória, recordo um post que aqui coloquei em Dezembro passado.
A 4 de Dezembro de 1975, o deputado Carreira Marques (PCP) discursa na Assembleia Constituite sobre os acontecimentos verificados nas vésperas do 25 de Novembro em Rio Maior e Odemira.
Desde já aviso, que eu era demasiado novo para fazer parte destes perigosos "fascistas" e das suas reivindicações de defesa da propriedade privada. Já das cores no texto, a responsabilidade é minha.
"(...)Significativamente, ignorou-se a campanha concertada levada a efeito até às vésperas do 25 de Novembro por forças reaccionárias e, elas sim, interessadas em recuperar a Revolução.Nem uma única voz aqui se ouviu para condenar que fosse os graves acontecimentos de Rio Maior e de Odemira, onde os fascistas lançaram autênticos ultimatos ao Conselho da Revolução e ao Presidente da República e atentaram seriamente contra as liberdades e a ordem democrática, e é importante que todos os antifascistas o façam prontamente, denunciando os ataques reaccionários. Em Rio Maior, onde a reacção parece apostada em reunir o seu quartel-general, e a pretexto de justas reivindicações de pequenos e médios agricultores, os fascistas montaram todo um cenário de guerra aberta contra Lisboa..
Uma voz: - Social-fascista!Vozes de protesto.
O Orador: - Fizeram uma manifestação, lançaram panfletos spinolistas, arvoraram-se numa chamada «União das Alianças dos Agricultores», que emitiu um manifesto, onde se dizia textualmente: «Vamos fazer valer os nossos direitos por meio de acções concretas que nos preservem de atentados inaceitáveis à propriedade privada.» E terminava o papelinho com palavras de ordem do estilo «Não às ocupações selvagens», «Pela defesa da legítima propriedade privada». Fizeram barricadas, cortaram estradas e outros acessos a Lisboa e ameaçaram cortar os abastecimentos de leite, água e energia eléctrica à capital se as suas reivindicações não fossem satisfeitas. É bom lembrar algumas das suas exigências: revisão imediata da Lei da Reforma Agrária; restituição das terras ocupadas aos antigos proprietários; saneamento imediato do Secretário de Estado da Estruturação Agrária, António Bica.
Vozes: - Muito bem!
Vozes diversas que não foi possível registar.
Uma voz (dirigindo-se para as bancadas da direita): - Cala a boca, urso!
O Sr. Presidente: - Chamo a atenção dos Srs. Deputados.
Para começo e para situar a memória, recordo um post que aqui coloquei em Dezembro passado.
A 4 de Dezembro de 1975, o deputado Carreira Marques (PCP) discursa na Assembleia Constituite sobre os acontecimentos verificados nas vésperas do 25 de Novembro em Rio Maior e Odemira.
Desde já aviso, que eu era demasiado novo para fazer parte destes perigosos "fascistas" e das suas reivindicações de defesa da propriedade privada. Já das cores no texto, a responsabilidade é minha.
"(...)Significativamente, ignorou-se a campanha concertada levada a efeito até às vésperas do 25 de Novembro por forças reaccionárias e, elas sim, interessadas em recuperar a Revolução.Nem uma única voz aqui se ouviu para condenar que fosse os graves acontecimentos de Rio Maior e de Odemira, onde os fascistas lançaram autênticos ultimatos ao Conselho da Revolução e ao Presidente da República e atentaram seriamente contra as liberdades e a ordem democrática, e é importante que todos os antifascistas o façam prontamente, denunciando os ataques reaccionários. Em Rio Maior, onde a reacção parece apostada em reunir o seu quartel-general, e a pretexto de justas reivindicações de pequenos e médios agricultores, os fascistas montaram todo um cenário de guerra aberta contra Lisboa..
Uma voz: - Social-fascista!Vozes de protesto.
O Orador: - Fizeram uma manifestação, lançaram panfletos spinolistas, arvoraram-se numa chamada «União das Alianças dos Agricultores», que emitiu um manifesto, onde se dizia textualmente: «Vamos fazer valer os nossos direitos por meio de acções concretas que nos preservem de atentados inaceitáveis à propriedade privada.» E terminava o papelinho com palavras de ordem do estilo «Não às ocupações selvagens», «Pela defesa da legítima propriedade privada». Fizeram barricadas, cortaram estradas e outros acessos a Lisboa e ameaçaram cortar os abastecimentos de leite, água e energia eléctrica à capital se as suas reivindicações não fossem satisfeitas. É bom lembrar algumas das suas exigências: revisão imediata da Lei da Reforma Agrária; restituição das terras ocupadas aos antigos proprietários; saneamento imediato do Secretário de Estado da Estruturação Agrária, António Bica.
Vozes: - Muito bem!
Vozes diversas que não foi possível registar.
Uma voz (dirigindo-se para as bancadas da direita): - Cala a boca, urso!
O Sr. Presidente: - Chamo a atenção dos Srs. Deputados.