O Ricos e a África
Este artigo do historiador angolano Carlos Pacheco é uma denúncia das relações de poder que moldam o comércio mundial, uma troca desigual que condena a África à pobreza.
Deixo aqui alguns excertos do artigo publicado no Público :
A questão fulcral a discutir com os ricos do Norte quando estes falam de aliviar o continente negro da suas dramáticas dificuldades parece-me só uma : a questão do modelo de ajuda, que deverá ter em conta, antes de tudo, as regras de negociação agrárias no comércio internacional. Sem uma alteração da agenda que favorece as potências do dinheiro, o futuro dos pequenos agricultores dos países pobres continuará seriamente ameaçado.
Enquanto os Estados Unidos e a Europa forçarem os Estados débeis a abrir os seus mercados à importação dos mesmos produtos que os camponeses em África, na Ásia e noutras partes cultivam, o modo de vida e a segurança alimentar desses lavradores estará comprometida.
Pois que a mão “filantrópica” dos poderosos veio oferecer não foi a anulação da incondicional da dívida, mas tão-só um alívio parcial. Perdoam-se os passivos com o Banco Mundial e com o Banco Africano de Desenvolvimento, todavia ficam a descoberto os empréstimos concedidos pela banca privada, cujas taxas de juro [as mais altas do mundo] agravam o serviço da dívida.
A diminuição da dívida comporta estipulações drásticas : os países beneficiados devem aceitar abrir progressivamente as suas economias à corporações trasnacionais; e proceder a desmontagem do estado mediante a privatização dos seus serviços…”
As consequências desta investida dos promotores da globalização são fáceis de imaginar : Além de ameaçar o património dos Estados africanos -os seus rios, as suas barragens e minas- ela acarretará a decomposição política e económica dessas “nações”
A questão fulcral a discutir com os ricos do Norte quando estes falam de aliviar o continente negro da suas dramáticas dificuldades parece-me só uma : a questão do modelo de ajuda, que deverá ter em conta, antes de tudo, as regras de negociação agrárias no comércio internacional. Sem uma alteração da agenda que favorece as potências do dinheiro, o futuro dos pequenos agricultores dos países pobres continuará seriamente ameaçado.
Enquanto os Estados Unidos e a Europa forçarem os Estados débeis a abrir os seus mercados à importação dos mesmos produtos que os camponeses em África, na Ásia e noutras partes cultivam, o modo de vida e a segurança alimentar desses lavradores estará comprometida.
Pois que a mão “filantrópica” dos poderosos veio oferecer não foi a anulação da incondicional da dívida, mas tão-só um alívio parcial. Perdoam-se os passivos com o Banco Mundial e com o Banco Africano de Desenvolvimento, todavia ficam a descoberto os empréstimos concedidos pela banca privada, cujas taxas de juro [as mais altas do mundo] agravam o serviço da dívida.
A diminuição da dívida comporta estipulações drásticas : os países beneficiados devem aceitar abrir progressivamente as suas economias à corporações trasnacionais; e proceder a desmontagem do estado mediante a privatização dos seus serviços…”
As consequências desta investida dos promotores da globalização são fáceis de imaginar : Além de ameaçar o património dos Estados africanos -os seus rios, as suas barragens e minas- ela acarretará a decomposição política e económica dessas “nações”