quarta-feira, novembro 23, 2005

O Público Otário

Hoje, o ministro das Obras Públicas, Mário Lino, contou com a prestimosa colaboração do jornal Público para promover essa grande causa nacional, o nosso novo aeroporto que nos vai permitir ombrear com a Espanha.
Atente-se nestes excertos que nem sequer levam aspas :
Se o modelo só agora vai ser definido, na sessão de apresentação Lisboa 2017 : Um Aeroporto com Futuro já sobraram as teorias económicas as demonstrações económicas e financeiras de que a construção do novo aeroporto será vantajosa para aos privados que nele queiram investir.
Com a participação do banco Efisa, que actualizou as suas previsões da altura em que integrava o consórcio financeiro Novolis, contratado pela NAER, e também com um estudo do BPI- a quem o Governo encomendou uma análise há apenas dois meses- , a banca demonstrou que a construção de um novo aeroporto, assente numa concessão de um contrato de construção e exploração a 30 anos, gera receitas suficientemente atractivas para os privados. E o sector público ganhará um novo aeroporto, passados 30 anos, quase a custo zero para os cofres do Estado.
No primeiro parágrafo parece faltar algo, mas eu limitei-me a reproduzir o que lá está.
Depois, há uma secção “didáctica” de perguntas e respostas sob o título Quando e Porquê , em que nos revelam as vantagens da construção da OTA, tais como os emblemáticos 48 milhões de passageiros por ano ou os 28.000 postos de trabalho directos no aeroporto, mais os 28.000 postos de trabalhos criados na envolvente, bem como a racionalidade do investimento na Portela, não obstante esta vir a ser desmantelada no futuro próximo.
Tudo é cristalino na secção de perguntas e respostas do Público, e mais elucidados ficamos quando percebemos que fonte deste trabalho (está lá em minúsculas letra) foi a NAER, empresa do Estado responsável pelo projecto de construção do aeroporto da OTA.
É, tristemente, um exemplo de mau jornalismo; as fontes são parte interessada no projecto e o outro lado desta conturbada história (estou-me a referir aos argumento contrários, que sabemos são muitos) não nos é revelado.