sexta-feira, maio 12, 2006

Putin e o Lobo

“Sabemos o que se passa no mundo.
Como se costuma dizer, o camarada lobo sabe quem comer. Come e não dá ouvidos a ninguém, e nem pretende fazê-lo”.
Putin aludia, evidentemente, aos EUA, à política externa deste país no Iraque, no Irão e muito em particular nas ex-repúblicas soviética, onde a influência americana não pára de aumentar, para descontentamento da Rússia.
O mundo precisa de uma Rússia forte e próspera, que seja também um actor global, mas infelizmente o Ocidente, desde a queda da União Soviética, nada fez senão humilhar este grande país euroasiático; primeiro, apoiando políticas económicas que quase conduziram à decomposição do estado russo; depois, expandido a Nato até às fronteiras da Rússia, ou seja, até ao limite do intolerável.
Pelo caminho, a democracia passou a ser promessa distante, os modos da autocracia estão de volta e os russos vêem em Putin a imagem restaurada de um estado russo forte e respeitado, depois do caos e desmoralização que constituíram marca do consulado de Ieltsin.
O nacionalismo exacerbado, que neste caso não hesita em fazer uso da iconografia soviética, é uma má notícia para a paz e estabilidade no mundo, mas é consequência do período conturbado que a Rússia viveu na década de noventa e das políticas do Ocidente. E a crise energética há muito anunciada abre uma nova oportunidade de afirmação da Rússia, Putin não deixou de lembrar esse facto no discurso sobre o estado da nação.
Não esqueceu também os oligarcas, socorrendo-se de F. D. Roosevelt : “
“Apertámos e continuaremos a apertar os calos aos que querem conseguir uma alta posição ou riqueza, ou ambas as coisa ao mesmo tempo, pelo caminho mais curto à custa do bem-estar comum.”
P.S. As citações deste post foram retiradas da edição do Público de 11/05/2006.