Pobre Rivoli
Teve o desenlace esperado a ocupação do Teatro Rivoli: uma intervenção da PSP, pela noite dentro, desalojou o pequeno grupo que há vários dias fazia do teatro a sua casa.
A acção de protesto dos jovens actores teve sem dúvida visibilidade mediática, mas não provocou um sobressalto cívico na cidade. Não mais do que duas dezenas de pessoas à porta do teatro municipal, cuja gestão a Câmara municipal de Porto se prepara para entregar a privados. A “rivolução” nem sonho chegou a ser.
Ainda assim, este episódio algum embaraço há-de ter causado em Rui Rio, cuja imagem, à frente dos destinos da segunda autarquia do país, se assemelha cada vez mais à de um tiranete.
Os do costume assestaram baterias nos actores em gesto de desobediência civil, dizendo que era tempo de pôr cobro ao desbarato “do dinheiro dos contribuintes”. Eles repetem incessantemente esta fórmula, que neles assume propriedades quase mágicas, como se dela emanasse toda a realidade deste mundo...
Não está em causa a passagem da gestão de equipamentos culturais, do Estado ou das autarquias, para operadores privados; a participação de organizações da sociedade civil é vital para o florescimento de políticas culturais que sirvam os vários públicos da urbe. Mas quando a concessão a privados não é acompanhada da definição de critérios de natureza cultural ou da exigência de serviço público, mas tão-só de uma lógica contabilística, então é de temer o pior: o empobrecimento da oferta cultural e a exclusão de uma pluralidade criadores e produtores que tinham até então como palco o Rivoli. É o que poderá acontecer, se, como se diz, esta privatização significar o afastamento de companhias de teatro, de dança e de festivais de música ou cinema (como o Fantasporto). Será isto uma mais-valia para a cidade do Porto? Ou é apenas um expediente, de que o dr. Rui Rio fez uso, para punir cidadãos que se lhe recusam prestar vassalagem?
A acção de protesto dos jovens actores teve sem dúvida visibilidade mediática, mas não provocou um sobressalto cívico na cidade. Não mais do que duas dezenas de pessoas à porta do teatro municipal, cuja gestão a Câmara municipal de Porto se prepara para entregar a privados. A “rivolução” nem sonho chegou a ser.
Ainda assim, este episódio algum embaraço há-de ter causado em Rui Rio, cuja imagem, à frente dos destinos da segunda autarquia do país, se assemelha cada vez mais à de um tiranete.
Os do costume assestaram baterias nos actores em gesto de desobediência civil, dizendo que era tempo de pôr cobro ao desbarato “do dinheiro dos contribuintes”. Eles repetem incessantemente esta fórmula, que neles assume propriedades quase mágicas, como se dela emanasse toda a realidade deste mundo...
Não está em causa a passagem da gestão de equipamentos culturais, do Estado ou das autarquias, para operadores privados; a participação de organizações da sociedade civil é vital para o florescimento de políticas culturais que sirvam os vários públicos da urbe. Mas quando a concessão a privados não é acompanhada da definição de critérios de natureza cultural ou da exigência de serviço público, mas tão-só de uma lógica contabilística, então é de temer o pior: o empobrecimento da oferta cultural e a exclusão de uma pluralidade criadores e produtores que tinham até então como palco o Rivoli. É o que poderá acontecer, se, como se diz, esta privatização significar o afastamento de companhias de teatro, de dança e de festivais de música ou cinema (como o Fantasporto). Será isto uma mais-valia para a cidade do Porto? Ou é apenas um expediente, de que o dr. Rui Rio fez uso, para punir cidadãos que se lhe recusam prestar vassalagem?