O PC e a deputada Luísa Mesquita
O Partido Comunista Português está confrontado com um caso de rebelião na sua bancada parlamentar.
Luísa Mesquita, eleita deputada pelo círculo eleitoral de Santarém, decidiu não acatar a directiva do partido que impunha a sua substituição no parlamento por outro camarada.
Este caso parece fugir à bitola clássica dos ortodoxos versus renovadores, a imagem de Luísa Mesquita é a de uma deputada obediente à linha dominante na direcção comunista, ou seja, identificada com os princípios ou premissas ideológicas do partido de que é militante há muitos anos. No entanto, sabemos bem que a organização fabrica dissidências como se de um determinismo histórico se tratasse (foi visível esse tom no discurso do jovem líder parlamentar, Bernardino Soares).
Creio que a deputada Luísa Mesquita sentiu o processo como profundamente injusto, ela que tem uma ligação forte ao distrito de Santarém e que desempenhou ao longo de todos estes anos um trabalho sério na Assembleia da República. De facto, esta forma de actuar do PC não dignifica a figura do deputado, que é preciso não esquecer que tem uma fonte de legitimidade própria (ainda mais neste caso, onde é clara a ligação ao círculo eleitoral e aos assuntos locais, Luísa Mesquita é também vereadora na Câmara Municipal de Santarém), não ficando bem aos partidos promover práticas de índole burocrática ao nível da sua substituição.
A prazo, é a própria democracia que perde, e por extensão os partidos, se os parlamentares são encarados como meras peças de um engrenagem. E, acima de tudo, as pessoas existem, tem a sua importância; não podem ser diluídas nessa entidade que, nalguns discursos, parece assumir propriedades quase metafísicas, e que dá pelo nome de “Colectivo.”
Luísa Mesquita, eleita deputada pelo círculo eleitoral de Santarém, decidiu não acatar a directiva do partido que impunha a sua substituição no parlamento por outro camarada.
Este caso parece fugir à bitola clássica dos ortodoxos versus renovadores, a imagem de Luísa Mesquita é a de uma deputada obediente à linha dominante na direcção comunista, ou seja, identificada com os princípios ou premissas ideológicas do partido de que é militante há muitos anos. No entanto, sabemos bem que a organização fabrica dissidências como se de um determinismo histórico se tratasse (foi visível esse tom no discurso do jovem líder parlamentar, Bernardino Soares).
Creio que a deputada Luísa Mesquita sentiu o processo como profundamente injusto, ela que tem uma ligação forte ao distrito de Santarém e que desempenhou ao longo de todos estes anos um trabalho sério na Assembleia da República. De facto, esta forma de actuar do PC não dignifica a figura do deputado, que é preciso não esquecer que tem uma fonte de legitimidade própria (ainda mais neste caso, onde é clara a ligação ao círculo eleitoral e aos assuntos locais, Luísa Mesquita é também vereadora na Câmara Municipal de Santarém), não ficando bem aos partidos promover práticas de índole burocrática ao nível da sua substituição.
A prazo, é a própria democracia que perde, e por extensão os partidos, se os parlamentares são encarados como meras peças de um engrenagem. E, acima de tudo, as pessoas existem, tem a sua importância; não podem ser diluídas nessa entidade que, nalguns discursos, parece assumir propriedades quase metafísicas, e que dá pelo nome de “Colectivo.”