quinta-feira, março 01, 2007

O Regresso















Eis o regresso de Paulo Portas à ribalta política, com o anúncio da candidatura à liderança do CDS, para despertar o partido da letargia prolongada em que se encontra.
Sintomática aquela passagem do discurso em que Portas alude à necessidade de o centro-direita não se fechar sobre si mesmo, de se abrir a uma sociedade em mudança. É difícil não ver aqui uma alusão ao referendo ao aborto (“a sociedade não aprecia atitudes de retórica nem de intolerância”, estou a citar de cor), a um certo desfasamento que parece afectar as elites políticas da direita portuguesa.
E a ambição nunca antes assim explicitada. Quer ser o rosto da oposição a Sócrates, liderando o espaço político do centro-direita.
Não é difícil entrever que Portas vai ganhar o partido (através de directas ou por meio de um congresso extraordinário; esta última via é ainda assim a que mais convém a Ribeiro e Castro e ao seu grupo) e ofuscar Marques Mendes. Mas conseguirá Paulo Portas convencer a maioria do eleitorado do centro e da direita, emergindo como líder natural deste espaço? É que aqui reside o móbil ou a razão de Portas.