A Greve.
Podia ser o título do célebre filme de Eisenstien, mas não; é apenas a modos que uma reacção instintiva ao que o Luís aqui escreveu.
Porque nele há o subtexto do trabalhador que faz a greve por não querer trabalhar, ou tão-só porque pretende minar a empresa que lhe paga o salário (como se o trabalho já não produzisse valor); ou ainda, porque ser sindicalista é recusar um mundo feito de mudança e procurar o refúgio de um qualquer mercado protegido (sei que abres um uma excepção para o Chora, mas acho que é a tal excepção que confirma a regra…)
A greve é uma forma de luta de que as classes assalariadas fazem uso em determinadas circunstâncias sociais e políticas. Por meio dela exercem o poder, procurando obter ganhos (salariais, redução do tempo de trabalho, melhores condições de segurança, etc.) Evidentemente que se trata de uma acção colectiva, eu sei que tu não gostas, mas ela existe.
Não se fazem greves por causa do investimento (ou da falta dele) ou das vicissitudes da gestão empresarial. Evidentemente que a greve causa mal-estar (escasseiam os transportes, o lixo não é recolhido e muitas repartições estão fechadas), mas se assim não fosse seria uma coisa inócua; porque não há greves assépticas. Por isso, o meu repúdio para os que procuram a alargar a latitude dos serviços mínimos e assim castrar este direito constitucionalmente consagrado.
Sim, é evidente o alcance político da greve geral, é esse o seu sentido intrínseco, produzir impacto nas instituições, alterar o curso de certas práticas governativas. É do conflito, que é um dado inelutável da existência. E este é apenas o conflito regulado pelas instituições democráticas.
Apesar do declínio da acção sindical nas últimas duas décadas, o que é verdade quer para a Europa quer para os EUA, a greve é ainda uma forma de luta com significado para muitos trabalhadores no mundo de hoje. Entre nós, as jornadas da CGTP têm tido uma adesão que extravasa a esfera de influência do PCP; parece-me por isso redutor tudo resumir à Soeiro Pereira Gomes.
E se a greve geral é sempre política, então devo dizer que este governo merece mesmo esta greve. Pelo sinais que se vêm acumulando do clima de delação instalado na administração pública. Pela forma como vem instrumentalizando entidades e inspecções que se queriam isentas. Por causa da tão falada base de dados com que procura coagir potenciais grevistas. Em suma, pela arrogância e os sintomas de autoritarismo de que cada vez mais vem dando provas.
P.S. Não comungo também da visão quase caricatural que dás do Carvalho da Silva. Eu creio que ele tem vindo actualizar-se, e ontem esteve muito bem no debate com o ministro.
Porque nele há o subtexto do trabalhador que faz a greve por não querer trabalhar, ou tão-só porque pretende minar a empresa que lhe paga o salário (como se o trabalho já não produzisse valor); ou ainda, porque ser sindicalista é recusar um mundo feito de mudança e procurar o refúgio de um qualquer mercado protegido (sei que abres um uma excepção para o Chora, mas acho que é a tal excepção que confirma a regra…)
A greve é uma forma de luta de que as classes assalariadas fazem uso em determinadas circunstâncias sociais e políticas. Por meio dela exercem o poder, procurando obter ganhos (salariais, redução do tempo de trabalho, melhores condições de segurança, etc.) Evidentemente que se trata de uma acção colectiva, eu sei que tu não gostas, mas ela existe.
Não se fazem greves por causa do investimento (ou da falta dele) ou das vicissitudes da gestão empresarial. Evidentemente que a greve causa mal-estar (escasseiam os transportes, o lixo não é recolhido e muitas repartições estão fechadas), mas se assim não fosse seria uma coisa inócua; porque não há greves assépticas. Por isso, o meu repúdio para os que procuram a alargar a latitude dos serviços mínimos e assim castrar este direito constitucionalmente consagrado.
Sim, é evidente o alcance político da greve geral, é esse o seu sentido intrínseco, produzir impacto nas instituições, alterar o curso de certas práticas governativas. É do conflito, que é um dado inelutável da existência. E este é apenas o conflito regulado pelas instituições democráticas.
Apesar do declínio da acção sindical nas últimas duas décadas, o que é verdade quer para a Europa quer para os EUA, a greve é ainda uma forma de luta com significado para muitos trabalhadores no mundo de hoje. Entre nós, as jornadas da CGTP têm tido uma adesão que extravasa a esfera de influência do PCP; parece-me por isso redutor tudo resumir à Soeiro Pereira Gomes.
E se a greve geral é sempre política, então devo dizer que este governo merece mesmo esta greve. Pelo sinais que se vêm acumulando do clima de delação instalado na administração pública. Pela forma como vem instrumentalizando entidades e inspecções que se queriam isentas. Por causa da tão falada base de dados com que procura coagir potenciais grevistas. Em suma, pela arrogância e os sintomas de autoritarismo de que cada vez mais vem dando provas.
P.S. Não comungo também da visão quase caricatural que dás do Carvalho da Silva. Eu creio que ele tem vindo actualizar-se, e ontem esteve muito bem no debate com o ministro.