Estado servil
Não vou discutir os méritos da Colecção Berardo, mas todo o processo que tornou o Centro Cultural de Belém cativo da referida colecção foi profundamente humilhante para o Estado português. Fica a imagem de um Estado servil diante dos poderosos, incapaz de cuidar do interesse próprio.
Joe Berardo, durante este processo, não escondeu o desprezo a que vota os principais actores da política cultural lusa, incluído a ministra Isabel Pires de Lima, a quem Sócrates impôs as condições do sr. comendador. Foi de facto uma jogada de mestre: agita-se o espectro da deslocalização de uma rica colecção de arte, por força disso muito cobiçada além-fronteiras, e logo acorre o nosso primeiro-ministro, qual salvador do interesse pátrio!
Temos assim o Centro Cultural de Belém transformado em casa do Museu de Arte Moderna e Contemporânea Colecção Berardo, sem capacidade para albergar outras exposições que não esta, de carácter permanente; o Estado português (que por norma é avaro quando se trata de afectar verbas à Cultura; vide o caso do Museu do Chiado) a abrir os cordões à bolsa. E Berardo com as rédeas da fundação (já hoje o triste episódio da demissão de Mega Ferreira)
Ridículo foi assistir às declarações de José Sócrates, ontem na cerimónia de inauguração, dizendo que este museu punha o país nos roteiros da arte contemporânea. Como se fôssemos um qualquer deserto terceiro-mundista. Como se nada tivesse existido antes. Como se não houvesse Serralves.
Joe Berardo, durante este processo, não escondeu o desprezo a que vota os principais actores da política cultural lusa, incluído a ministra Isabel Pires de Lima, a quem Sócrates impôs as condições do sr. comendador. Foi de facto uma jogada de mestre: agita-se o espectro da deslocalização de uma rica colecção de arte, por força disso muito cobiçada além-fronteiras, e logo acorre o nosso primeiro-ministro, qual salvador do interesse pátrio!
Temos assim o Centro Cultural de Belém transformado em casa do Museu de Arte Moderna e Contemporânea Colecção Berardo, sem capacidade para albergar outras exposições que não esta, de carácter permanente; o Estado português (que por norma é avaro quando se trata de afectar verbas à Cultura; vide o caso do Museu do Chiado) a abrir os cordões à bolsa. E Berardo com as rédeas da fundação (já hoje o triste episódio da demissão de Mega Ferreira)
Ridículo foi assistir às declarações de José Sócrates, ontem na cerimónia de inauguração, dizendo que este museu punha o país nos roteiros da arte contemporânea. Como se fôssemos um qualquer deserto terceiro-mundista. Como se nada tivesse existido antes. Como se não houvesse Serralves.