Lá pelas 3 da manhã, não há engarrafamentos em Lisboa
Não sendo munícipe lisboeta, não achei que valesse a pena perder grande tempo com o debate de ontem na SIC-N.
Ainda assim, a meio do habitual zapping, ainda ouvi o candidato do PCP, Ruben de Carvalho, descrevendo o quão fluído é o trânsito na madrugada de Lisboa.
Assim é, explicava, porque muitas centenas de milhares de carros, que diariamente chegam à capital, a essa hora estão parados noutras “bandas”.
O candidato esquece-se que isso significa também que Lisboa, assim que a noite assenta, se desertifica, mudando-se grande parte da sua população activa para os territórios limítrofes - por exemplo, para o Grande Vazio ao Sul.
A proposta que fez, recorrente nestes debates ao longo dos anos, passa por criar mais parques de estacionamento à volta de Lisboa. Ou seja, no território de outros concelhos.
Será que o candidato comunista equacionou também o contributo do orçamento lisboeta que vai afectar às obras em concelhos vizinhos? Ou achará ele que as suas boas ideias devem ser orçamentadas noutro lado?
Os candidatos, em vez de olharem para o sintoma (o Deserto da Madrugada Lisboeta), deviam procurar antes as causas do abandono populacional do seu concelho. Será que entre elas iriam encontrar causas ligadas ao estado moribundo do mercado de arrendamento, causado pelas leis que o regulamentam até à paralisia? Como compreender que certas zonas de Lisboa deixem de ser seguras ou de frequência recomendada a pacatos cidadãos, após o pôr do sol? Como justificar a existência de freguesias com menos habitantes que algumas aldeias recônditas do interior do país?
Será que têm algo a dizer sobre os inacreditáveis resultados negativos acumulados pelas empresas de transporte (estatais) de Lisboa e sobre o que siginficam em termos de alternativa de qualidade e quantidade? Sobre os subsídios que lhes são entregues?
Infelizmente, o candidato do PCP será bem secundado nas suas opiniões de que o que faz falta é mais e melhor intervenção municipal (com apelos à participação orçamental do estado central), como os habituais populismos histéricos de Sá Fernandes ou as propostas em defesa dos direitos sociais urbanísticos da bastonária corporativa dos arquitectos, Helena Roseta. Ou como António Costa a assobiar para o lado quando se fala na Portela, fazendo de conta que Lisboa será a mesma sem o aeroporto a meia dúzia de minutos do centro.
Para terminar, e um pouco off topic, ainda não ouvi o candidato do PSD dizer “minha cidade” ou “nossa cidade”. Espero que alguém lhe pergunte se fala de Lisboa ou de Setúbal. Mas, na habitualmente limitada pool de escolhas partidárias, isso não admire: lembram-se que Santana foi autarca na Figueira da Foz antes de o ser na capital? Parece que no PSD se pratica uma espécie de rotativismo geo-municipal.
Já colocado no Insurgente.
Ainda assim, a meio do habitual zapping, ainda ouvi o candidato do PCP, Ruben de Carvalho, descrevendo o quão fluído é o trânsito na madrugada de Lisboa.
Assim é, explicava, porque muitas centenas de milhares de carros, que diariamente chegam à capital, a essa hora estão parados noutras “bandas”.
O candidato esquece-se que isso significa também que Lisboa, assim que a noite assenta, se desertifica, mudando-se grande parte da sua população activa para os territórios limítrofes - por exemplo, para o Grande Vazio ao Sul.
A proposta que fez, recorrente nestes debates ao longo dos anos, passa por criar mais parques de estacionamento à volta de Lisboa. Ou seja, no território de outros concelhos.
Será que o candidato comunista equacionou também o contributo do orçamento lisboeta que vai afectar às obras em concelhos vizinhos? Ou achará ele que as suas boas ideias devem ser orçamentadas noutro lado?
Os candidatos, em vez de olharem para o sintoma (o Deserto da Madrugada Lisboeta), deviam procurar antes as causas do abandono populacional do seu concelho. Será que entre elas iriam encontrar causas ligadas ao estado moribundo do mercado de arrendamento, causado pelas leis que o regulamentam até à paralisia? Como compreender que certas zonas de Lisboa deixem de ser seguras ou de frequência recomendada a pacatos cidadãos, após o pôr do sol? Como justificar a existência de freguesias com menos habitantes que algumas aldeias recônditas do interior do país?
Será que têm algo a dizer sobre os inacreditáveis resultados negativos acumulados pelas empresas de transporte (estatais) de Lisboa e sobre o que siginficam em termos de alternativa de qualidade e quantidade? Sobre os subsídios que lhes são entregues?
Infelizmente, o candidato do PCP será bem secundado nas suas opiniões de que o que faz falta é mais e melhor intervenção municipal (com apelos à participação orçamental do estado central), como os habituais populismos histéricos de Sá Fernandes ou as propostas em defesa dos direitos sociais urbanísticos da bastonária corporativa dos arquitectos, Helena Roseta. Ou como António Costa a assobiar para o lado quando se fala na Portela, fazendo de conta que Lisboa será a mesma sem o aeroporto a meia dúzia de minutos do centro.
Para terminar, e um pouco off topic, ainda não ouvi o candidato do PSD dizer “minha cidade” ou “nossa cidade”. Espero que alguém lhe pergunte se fala de Lisboa ou de Setúbal. Mas, na habitualmente limitada pool de escolhas partidárias, isso não admire: lembram-se que Santana foi autarca na Figueira da Foz antes de o ser na capital? Parece que no PSD se pratica uma espécie de rotativismo geo-municipal.
Já colocado no Insurgente.