Da avaliação dos professores e da engenharia social
No Público de hoje, a colunista Helena Matos debruça-se sobre a educação. Desta vez, o artigo é mesmo de recomendar, em particular o destaque conferido a um dos parâmetros que constará da futura avaliação dos professores; diga-se que este é bem representativo das vacuidades que grassam no imaculado reino dos arautos das ciências da educação:
«Promoção de um clima favorável à aprendizagem, ao bem-estar e ao desenvolvimento afectivo, emocional e social dos alunos?»
Quase se assemelha a uma redutora formulação de felicidade. E estes lugares-comuns passam agora por científicos e a fazer parte da avaliação dos docentes.
Quer dizer, ensinar não basta, aos professores exige-se agora que tomem nas suas mãos a felicidade dos alunos. É aquilo que deles parecem esperar os doutos cientistas da educação, que no conforto dos gabinetes da 5 de Outubro, ou no distante ambiente da Universidade, têm dado largas à sua imaginação, depressa vertida em engenharia social sobre a escola pública. Eles assemelham-se cada vez mais a uma corporação, imune a todo e qualquer escrutínio. É assim que muita ideologia passa por ciência, e que as escolas são inundadas de decretos e regulamentos, não tendo os professores mãos a medir. E nem mesmo o ensino da música escapou à sanha dos teóricos das ciências da educação, que propõem que se retire aos conservatórios as aulas de iniciação musical. Muitos alunos do primeiro ciclo irão assim ficar privados do ensino da música nos conservatórios. E no entanto dizem, os tais cientistas, que é tudo em nome da democratização do ensino das artes.
«Promoção de um clima favorável à aprendizagem, ao bem-estar e ao desenvolvimento afectivo, emocional e social dos alunos?»
Quase se assemelha a uma redutora formulação de felicidade. E estes lugares-comuns passam agora por científicos e a fazer parte da avaliação dos docentes.
Quer dizer, ensinar não basta, aos professores exige-se agora que tomem nas suas mãos a felicidade dos alunos. É aquilo que deles parecem esperar os doutos cientistas da educação, que no conforto dos gabinetes da 5 de Outubro, ou no distante ambiente da Universidade, têm dado largas à sua imaginação, depressa vertida em engenharia social sobre a escola pública. Eles assemelham-se cada vez mais a uma corporação, imune a todo e qualquer escrutínio. É assim que muita ideologia passa por ciência, e que as escolas são inundadas de decretos e regulamentos, não tendo os professores mãos a medir. E nem mesmo o ensino da música escapou à sanha dos teóricos das ciências da educação, que propõem que se retire aos conservatórios as aulas de iniciação musical. Muitos alunos do primeiro ciclo irão assim ficar privados do ensino da música nos conservatórios. E no entanto dizem, os tais cientistas, que é tudo em nome da democratização do ensino das artes.