sábado, março 15, 2008

Reforma: outros tempos, outras latitudes.
























1894-1971

Os seus modos plebeus correspondiam a fundo autêntico. Orgulhava-se das suas origens operárias e das suas raízes rurais. Fora aprendiz de pastor, antes de trabalhar como operário na indústria metalúrgica e mineira. Havia uma relação directa entre o seu passado e a sua linguagem, a sua aversão aos militares, o seu horror aos burocratas e a sua preferência por um ensino profissional. Se tentou promover, sob este último aspecto, a reforma do programa de estudos, foi porque – nas suas próprias palavras – as escolas superiores do país educavam flores de estufa que ignoravam por completo o trabalho físico que se levava a cabo nas fábricas e nos campos. A reforma seria abandonada devido às pressões que se fizeram sentir por parte da opinião pública – quer dizer, por parte dos mais ricos, dos mais instruídos e dos burocratas, que se indignaram contra a “industrialização do ensino” e desencadearam a sua campanha contra ela. Em torno do ponto concreto em jogo, acabavam por ter razão. Mas teremos de compreender que formavam uma camada de pessoas que irritava Nikita: nunca tinham pegado numa enxada!

in O Século Soviético, de Moshe Lewin