Tienanmen
Tienanmen foi há vinte anos. Tianamen foi a ponta do icebergue de um poderoso movimento social que afectou várias cidades da República Popular da China, envolvendo milhões de pessoas.
Os estudantes foram o actor primeiro de um movimento que não tinha um rumo político determinado, a não ser o da contestação aos privilégios e às práticas de corrupção da nomenklatura dirigente. A contestação alastrou também a outros grupos sociais, que comungavam das críticas que os estudantes dirigiam à elite política do país.
Foi um tempo em que o regime chinês esteve no fio da navalha. Quando um regime envia os tanques e o exército para suprimir uma revolta civil, é porque sente que o seu fim está próximo. De facto, o regime poderia ter implodido, se os militares não tivessem avançado sobre os estudantes da Praça de Tienanmen (veja-se o ocaso da União Soviética). Estudantes que durante as vigílias naquela praça chegaram a entoar a Internacional.
A história teve um final trágico: os tanques de uma unidade de elite do exército entraram em Tianamen e esmagaram a revolta estudantil, deixando atrás de si um rastro de destruição e morte.
Vinte anos depois, Tienanmen é como se não tivesse existido. O regime chinês sofisticou os métodos repressivos no quadro de uma economia capitalista pura e dura. E a China vive um processo de normalização. Milhões de chineses desfrutam da prosperidade do milagre económico. Pelo menos até à crise que agora assola o nosso mundo (a ver vamos qual o seu impacto no Império do Meio).
A China não é caso único. Ao invés, a história está cheia de exemplos de regimes autoritários que estão para a economia de mercado como peixe na água. Porque na História nada é adquirido. Democracia e autocracia/autoritarismo são pulsões que atravessam as sociedade humanas, em permanente tensão. O Fim da História é uma ilusão.
O Partido protege os interesses da classe média em detrimento da maior massa populacional; há uma “conspiração” de elite para proteger os interesses da classe média face aos mais pobres.