terça-feira, outubro 27, 2009

Do PC e do Estalinismo. E da Rita Rato

Cada vez mais se perde o rigor com as palavras. Palavras que perdem a sua significação original para vaguearem ao sabor das modas ou conveniências. O que se entende afinal por estalinismo? Será que já nos esquecemos de que o PCP fez a denúncia do estalinismo durante o V Congresso do Partido, no longínquo ano de 1957?
Poderíamos, em jeito de adenda, recordar um excerto da célebre entrevista de Oriana Fallaci, em que esta acusa o dr. Cunhal do pecado do estalinismo, ao que este retorquiu dizendo não perceber por que razão a jornalista o identificava “com esse período negro do comunismo soviético”. Está na capa de edição do Círculo de Leitores, Oriana Fallaci – Entrevistas com a História. Certo que Cunhal repudiou tal entrevista, mas não foi por causa da questão do estalinismo que à época pouca expressão tinha. Foi por outras coisas.
Em suma, em bom rigor é errado falar do PCP como um partido estalinista. Mesmo em relação à União Soviética houve denúncias do sistema que aí vigorava em congressos passados. As mais vigorosas no tempo em que Carlos Carvalhas era Secretário-geral do Partido.
Porém, permanece um mistério por desvendar o porquê de os deputados e dirigentes do PC se deixarem enredar por estas questões, vulgo, estalinismo e gulags, em vulgares entrevistas. Feitas por vulgares jornalistas. O porquê de não serem assertivos na denúncia de tais crimes do passado e para os quais os comunistas portugueses regra geral não contribuíram.
Agora foi a (bela) Rita Rato que, perante as perguntas da praxe, hesitou, preferindo refugiar-se em “não-ditos”. Não acredito que se tenha tratado de uma questão de ignorância. Não embarco nesse tipo de ingenuidade. Porém não compreendo.