terça-feira, janeiro 11, 2005

Nova Setúbal

Perguntas-me para onde deve crescer a cidade. Eu respondo-te, dizendo que o crescimento não é um fim em si mesmo nem tão-pouco um desígnio. Crescer para quê? Com que sentido? Para termos uma cidade transformada numa sucessão de manchas indiferenciadas de subúrbio? Para termos no futuro uma cidade de 200.000 habitantes? Porque é a isso que temos assistido na últimas duas décadas. Por certo concordarás comigo, se te lembrares do Monte Belo ou naquilo que fizeram ao antigo Bairro Afonso Costa. Temos bairros e aéreas urbanas que são exemplo da ausência de plano urbanístico, aglomerados de edifícios que se sucederam para gáudio de proprietários de terrenos, construtores e autarquia (as licenças de construção são uma fonte de receita, como tu sabes). É por isso que sou muito céptico em relação a projectos como o Nova Setúbal, que mais parece uma ideia velha, com roupagens novas, que nos estão a vender. A densidade de construção é demasiado elevada para que o futuro empreendimento seja suficientemente atractivo. E depois a sua lógica é a de sempre : contra e pela destruição do ambiente natural circundante. Entristece-me ver a cidade às avessas com a natureza.
Prefiro recentrar a questão de fundo na reconversão urbana. Aposta-se pouco, em Portugal, na reabilitação e renovação dos espaços habitacionais. A desertificação do centro não é um processo irreversível. Com uma política integrada, envolvendo actores privados e público, seria possível inverter essa tendência, tornar a zona atractiva para a fixação de novas populações.
Com um centro renovado, em articulação com a zona ribeirinha, Setúbal poderia afirmar-se no contexto metropolitano. Potenciando as suas vantagens naturais, tirando partido das acessibilidades a Lisboa e ao Alentejo, Setúbal tornar-se-ia uma cidade mais competitiva.

P.S tentei responder na caixa de comnetários, mas porque excedi o limite, optei por editar o comentário.