quinta-feira, junho 16, 2005

A Reforma Agrária

No Alentejo, a Reforma Agrária era a aspiração de gerações deserdados, de assalariados agrícolas sujeitos à miséria e a toda a sorte de privações.
Estamos a falar de um contexto histórico marcado pela concentração fundiária, pelo latifúndio improdutivo e pelas coutadas feudais.
A Terra, como é sabido, é um factor de produção, o rendimento dela extraído deve garantir a base do sustento a quem a trabalha. Há aqui imperativo social, uma obrigação moral. Propriedades ao abandono, num cenário de desemprego e fome, constituem a reivindicação legítima de quem não encontra, pela sua condição de vida, outro meio de subsistência, que não o do trabalho da terra.
Os movimentos sociais, que no Alentejo e partes do Ribatejo eclodiram com o fim da ditadura, são o produto de determinadas relações de produção, de uma estrutura de propriedade marcada pela injustiça e a desigualdade profunda. Sucede o mesmo noutras geografias (Vide o movimento dos Sem Terra no Brasil).
Para muitos trabalhadores alentejanos e ribatejanos, a Reforma Agrária representou um capital de esperança. Depositaram as suas energias na construção de um futuro diferente, sentiam-se agentes da mudança.
Este processo nasceu de baixo, não foi obra maquiavélica de um partido (o PCP deu corpo a uma aspiração antiga).
Ao contrário do que dizes, hoje ainda há uma ou duas cooperativas, filhas da Reforma Agrária, bem sucedidas nos mercados agrícolas (não me lembro agora dos nomes). E, sobre a falência das UCP’s, não te esqueças de um mês de Novembro...