Identidades II
Para relativizar a importância das pertenças primárias (cor da pele, língua, religião, nacionalidade, classe social, etc.) na estruturação da identidade dos indivíduos :
“Acontece por vezes que um acidente, feliz ou infeliz, ou mesmo um encontro fortuito, tenham maior peso no nosso sentimento de identidade do que a pertença a uma herança milenar. Imaginemos o caso de um sérvio e de uma muçulmana que se tivessem conhecido há vinte anos atrás, num café de Sarajevo, que se tivessem apaixonado e casado. Nunca poderiam ter tido da sua identidade a mesma percepção que um casal inteiramente sérvio ou inteiramente muçulmano; a sua visão da fé, tal como da pátria, não seria mesma. Cada um deles teria em si as pertenças que os pais lhes legaram à nascença , mas já não as entenderia do mesmo modo, não lhes daria o mesmo lugar.”
“Acontece por vezes que um acidente, feliz ou infeliz, ou mesmo um encontro fortuito, tenham maior peso no nosso sentimento de identidade do que a pertença a uma herança milenar. Imaginemos o caso de um sérvio e de uma muçulmana que se tivessem conhecido há vinte anos atrás, num café de Sarajevo, que se tivessem apaixonado e casado. Nunca poderiam ter tido da sua identidade a mesma percepção que um casal inteiramente sérvio ou inteiramente muçulmano; a sua visão da fé, tal como da pátria, não seria mesma. Cada um deles teria em si as pertenças que os pais lhes legaram à nascença , mas já não as entenderia do mesmo modo, não lhes daria o mesmo lugar.”
“A identidade não é algo que nos seja entregue na sua forma inteira e definitiva; ela constrói-se e transforma-se ao longo da nossa existência."
“Cada um de nós deve desbravar uma caminho entre as vias para onde nos empurram e aquelas que nos proíbem ou cujo terreno minam sob os nossos pés; nenhum de nós é à partida um ser único; não nos contentamos o em tomar consciência da nossa identidade, tornamo-nos o que somos; adquirimos essa consciência passo a passo.”
Amin Maalouf“Cada um de nós deve desbravar uma caminho entre as vias para onde nos empurram e aquelas que nos proíbem ou cujo terreno minam sob os nossos pés; nenhum de nós é à partida um ser único; não nos contentamos o em tomar consciência da nossa identidade, tornamo-nos o que somos; adquirimos essa consciência passo a passo.”
Existem condições de partida, que se vão certamente repercutir na trajectória dos indivíduos, mas não determinismos. Há sempre um espaço, embora por vezes estreito, para a escolha individual, para a recriação dos legados culturais. E não há lei que diga que temos de ficar encerrados na comunidade de origem.