Brokeback Mountain
“Brokeback deu-nos forte e feio, não?”
O reencontro quatro anos depois da idílica Brokeback, por entre a virilidade dos abraços e da luta, Jack (Jake Gylllenhaal) e Ennis (não vou esquecer a personagem interpretado por Heath Ledger) dão largas ao desejo, numa das mais belas cenas do filme, plena de amor e ternura.
O segredo de Brokeback Mountain tem a força e o lirismo dos grandes westerns (embora numa versão mais moderna e num tempo mais próximo do nosso), as marcas da paisagem (os grandes espaços) e os códigos masculinos intrínsecos a este género cinematográfico. Talvez isso explique a boa recepção do filme em lugares do interior americano, no coração conservador dos “Estados vermelhos” (republicanos), onde talvez as gentes mais se identificam com este imaginário.
Há um lado crepuscular, Jack e Ennis são como que anti-heróis, personagens à deriva, desajustados num mundo onde os interditos sociais pesam sobre o desejo de união; Mas é também um mundo em declínio e do qual os protagonistas são parte inseparável (por este prisma lembra os Inadaptados de J.Huston)
Eu confesso que fiquei rendido à beleza deste filme; a esta forma de filmar o amor e o desajustamento.