segunda-feira, maio 15, 2006

Albino Aroso sobre a interrupção voluntária da gravidez

Numa interessante e pedagógica entrevista à volta da questão das maternidades, Albino Aroso abordou também a interrupção voluntária da gravidez. E fê-lo com moderação e abertura de espírito:

“ Nós não somos moralmente melhores que os suecos ou os finlandeses. Contudo, nós criminalizamos o acto, eles não.”
"É verdade que em Portugal se pode interromper a gravidez por razões psíquicas. Em Espanha esse critério é aceite. Cá não é culturalmente praticado.”
(A lei portuguesa é similar à espanhola).

“Não conheço os detalhes dessas alterações, mas para mim há um país que tem uma lei que devia inspirar-nos: a Alemanha. Lá qualquer rapariga que queira interromper a gravidez é ouvida por uma comissão a quem explica o que se passou, se foi o médico que falho, se ela que não tomou a pílula, e aconselha-a.
Se a mulher quiser interromper a gravidez, interrompe, não é impedida, é apenas aconselhada. Muitas destas comissões estão ligadas à Igreja, o que levou a que até o Papa João Paulo II condenasse esse comportamento da Igreja alemã. Estas comissões ajudam muito, até nas situações em que as motivações são de natureza económica, pois podem colocar-lhe meios à disposição. Mas não criticam as mulheres, pois então não seguiriam o exemplo de Cristo, que perdoava a toda a gente."
Público, 15/5/2006