quinta-feira, dezembro 21, 2006

Beirute, a indestrutível

A Beirute cosmopolita pela pena de Alexandra Lucas Coelho, jornalista do PÚBLICO:

Em Beirute, a indestruível, ela queria ser uma estrela, ele queria-a a ela. A história mais velha do mundo, actualizada na pop libanesa alternativa.

"O sabão mata. E morreu de amor. Esta é a história de como um rapaz criou a cena pop alternativa libanesa porque queria uma rapariga - aquela rapariga. O fim é funesto, mas a música continua. A música continua sempre, e a Beirute não pára de dançar nem à bomba, nunca parou.
Qual Beirute? Depende da guerra, do ano, da estação. Uma cidade em que o amigo de hoje é o inimigo de amanhã, está sempre a mudar. Hoje é neste bairro que chovem mísseis, amanhã é naquele. A baixa tinha trincheiras onde agora tem Valentino . Bares, restaurante, discoteca passam como estrelas cadentes. A cidade é desmontável, de plasticina, aparentemente indestrutível.
Zeid Hamdan, 30 anos, ainda nem teria barba quando a BO18 era "o" lugar. Uma boite-barracão num parque de estacionamento dos arredores, de que toda a gente guarda memórias fantásticas. Aquelas é que earm as festas.
Depois Bernard Khoury, "o" arquitecto transformou a BO18 num sofisticado abrigo subterrâneo em que o tecto se abria às estrelas no intervalo das bombas. A revista "Les Inrockuptibles" foi lá em 2003 e voltou num êxtase superlativo.


Alexandra Lucas Coelho In PÚBLICO, SUPLEMENTO Y,15/12/2006