Depois do fim de semana
O melhor do dia de hoje, é o fim da campanha, das passeatas e sessões de esclarecimento à volta do referendo (como sempre, ficam por aí os cartazes).
Para a semana começa outra conversa.
Se o Não ganhar, nada muda ou aparecem propostas na Assembleia da República para despenalizar a manutenção de um crime.
Se nada mudar, espera-se que o ministério público e as polícias dediquem parte dos seus recursos a perseguir as mulheres e os cúmplices do aborto. Que aos processos seja dada a devida publicidade, afastando os prováveis futuros prevaricadores.
Se ainda assim houver despenalização, será um processo eventualmente interessante do ponto de vista jurídico. A ver como se comporta a maioria, tendo em conta propostas vindas, até, da sua bancada.
Discutir-se-ão novas políticas de apoio ao repovoamento (semelhantes às iniciativas de algumas câmaras do interior) e subsídios públicos a organizações privadas.
Muitos irão continuar ligados aos movimentos que já hoje, e bem, ajudam muitas mulheres a ponderar ou inverter a sua decisão. Em ambos os lados, haverá uma enorme desmobilização (talvez não imediata). É essa a natureza das causas - tendem a esmorecer e a perder o apoio público das massas quando o entusiasmo das campanhas vai embora. No entanto, espero que seja uma área em que o voluntariado possa a vir ser ainda mais significativo.
Se o Sim ganhar, os abortos praticados durante uma parte da gravidez serão despenalizados. Não serão eliminados todos os abortos feitos na clandestinidade (mais a mais, num país em que a vergonha pública esconde desgraças privadas). Haverão novas clínicas dedicadas à prática e muitas das que actualmente o fazem, poderão finalmente colocar publicidade sobre o seu negócio (sim, é um negócio) tal como já o fazem empresas/clínicas estrangeiras. Não haverá processos por aborto entre as 10 e, pelo menos, as 12 semanas porque ninguém irá indagar sobre quantos dias de diferença tinha para a data limite.
Começará a ser discutida a reorganização dos serviços de obstetrícia, genecologia ou planeamento familiar do SNS. Discutir-se-á a taxa de comparticipação em abortos feitos em clínicas privadas.
Para mim, essa discussão deverá ocorrer depois do referendo, não sendo no entanto díficil adivinhar qual a minha posição. Irei discutir o assunto, sem receio de ver a minha posição diminuída pela decisão de voto que tomei.
Como já aqui escrevi, nada mudará, para mim: houve sexo, pode haver gravidez. Há gravidez, há um filho/a que irá nascer se nada interromper o ciclo. A vida está lá desde o primeiro instante, mesmo que brinquemos com as palavras que se lhe chama. Abortar é terminar (e não interromper como sugere o I em IVG) uma vida que começa.
Para já, e em consciência, prefiro acabar com a penalização da prática do aborto e responder Sim.
Para a semana começa outra conversa.
Se o Não ganhar, nada muda ou aparecem propostas na Assembleia da República para despenalizar a manutenção de um crime.
Se nada mudar, espera-se que o ministério público e as polícias dediquem parte dos seus recursos a perseguir as mulheres e os cúmplices do aborto. Que aos processos seja dada a devida publicidade, afastando os prováveis futuros prevaricadores.
Se ainda assim houver despenalização, será um processo eventualmente interessante do ponto de vista jurídico. A ver como se comporta a maioria, tendo em conta propostas vindas, até, da sua bancada.
Discutir-se-ão novas políticas de apoio ao repovoamento (semelhantes às iniciativas de algumas câmaras do interior) e subsídios públicos a organizações privadas.
Muitos irão continuar ligados aos movimentos que já hoje, e bem, ajudam muitas mulheres a ponderar ou inverter a sua decisão. Em ambos os lados, haverá uma enorme desmobilização (talvez não imediata). É essa a natureza das causas - tendem a esmorecer e a perder o apoio público das massas quando o entusiasmo das campanhas vai embora. No entanto, espero que seja uma área em que o voluntariado possa a vir ser ainda mais significativo.
Se o Sim ganhar, os abortos praticados durante uma parte da gravidez serão despenalizados. Não serão eliminados todos os abortos feitos na clandestinidade (mais a mais, num país em que a vergonha pública esconde desgraças privadas). Haverão novas clínicas dedicadas à prática e muitas das que actualmente o fazem, poderão finalmente colocar publicidade sobre o seu negócio (sim, é um negócio) tal como já o fazem empresas/clínicas estrangeiras. Não haverá processos por aborto entre as 10 e, pelo menos, as 12 semanas porque ninguém irá indagar sobre quantos dias de diferença tinha para a data limite.
Começará a ser discutida a reorganização dos serviços de obstetrícia, genecologia ou planeamento familiar do SNS. Discutir-se-á a taxa de comparticipação em abortos feitos em clínicas privadas.
Para mim, essa discussão deverá ocorrer depois do referendo, não sendo no entanto díficil adivinhar qual a minha posição. Irei discutir o assunto, sem receio de ver a minha posição diminuída pela decisão de voto que tomei.
Como já aqui escrevi, nada mudará, para mim: houve sexo, pode haver gravidez. Há gravidez, há um filho/a que irá nascer se nada interromper o ciclo. A vida está lá desde o primeiro instante, mesmo que brinquemos com as palavras que se lhe chama. Abortar é terminar (e não interromper como sugere o I em IVG) uma vida que começa.
Para já, e em consciência, prefiro acabar com a penalização da prática do aborto e responder Sim.