terça-feira, abril 24, 2007

Boris Ieltsin




















(1931-2007)
Morte de Boris Ieltsin, mui mal-amado pelos nacionalistas, de direita e de esquerda, que hoje são o máximo denominador comum da vida política russa.
Para eles, Boris Ieltsin desmoronou a União Soviética, cujo desaparecimento foi, nas palavras de Vladimir Putin, “a maior catástrofe geopolítica do século XX”.
O tempo de Ieltsin foi o tempo da acumulação primitiva (e privada) de capital, em que nunca como então foi verdade Proudhon (“a propriedade é um roubo”). O tempo de Ieltsin foi o tempo da polarização social e da boçalidade dos novos ricos, em que a repressão do Estado foi substituída pela violência das máfias.
Em suma, foi tempo de regressão e, sem sombra de dúvida, um dos períodos mais desgraçados da história da Rússia.
O embrião da democracia nascido da Perestroika de Mikhail Gorbachev foi rapidamente consumido nessa voragem. Nessa voragem a que não foram alheios os evangelistas da nova ordem liberal que então eram presença hegemónica nos círculos do poder. Também eles fizeram da Rússia campo de engenharia social; também eles empreenderam uma política de terra queimada que só podia trazer sofrimento ao povo russo.
Muitos quererão preservar a imagem do Ieltsin que se opôs aos golpistas, mas estes apenas representavam, parafraseando Marx, a comédia da História, que não se repete senão desse modo.