Primeira volta muito participada
Primeira volta das presidenciais francesas marcada por uma fortíssima participação dos eleitores, bem acima dos 80% e sem paralelo nas democracias vizinhas. Vive la France!
A França, e por via dela a própria Europa, está numa encruzilhada, isso mesmo foi entendido pelos eleitores, que também quiseram evitar a repetição do sismo político de há cinco anos.
Tão grande participação eleitoral fez recuar a extrema-direita para níveis mais modestos. Incapaz de atrair novos eleitores, Jean-Marie Le Pen viu também fugir uma parte do seu fiel eleitorado para a candidatura de Sarkozy; é um dos grandes derrotados da noite, recua quer em percentagem, quer em número de votos.
A estratégia de Sarkozy (poderíamos falar numa lepenização do discurso do candidato da UMP, ao longo da campanha) deu bons resultados, mas poderá também exacerbar uma parte não negligenciável da sociedade francesa. Por agora, a vantagem psicológica de ter sido o primeiro.
Ségolene Royal ficou cinco pontos abaixo de Sarkozy, conseguiu 25,84% dos sufrágios, um resultado muito idêntico ao obtido por Miterrand em 1981, o que desde já tem de se considerar positivo, até porque o estado do PSF não é famoso. O problema de Royal é que escasseiam os apoios à sua esquerda: somados os votos dos outros candidatos temos 10,28%. Muito pouco. Pela agregação dos sufrágios, a esquerda fica-se por uns modestos 36,12%! Não me lembro de uma esquerda tão mínima em França!
Resta assim a S. Royal virar-se para os eleitores que votaram em Bayrou, o candidato centrista da UDF. Embora do centro político, ele fez uma campanha de contornos populistas e vagamente anti-sistémica, conseguindo um resultado que vai muito para além do que eleitoralmente vale a UDF. É possível que na amálgama de votantes de Bayrou se encontrem socialistas e outros eleitores de esquerda, talvez seduzidos por sondagens que davam o centrista como o mais bem colocado para, numa segunda volta, bater Sarkozy.
A candidata socialista tem pois margem de manobra. Tem que saber federar os descontentamentos que Sarko provoca e ao mesmo tempo mostrar que está animada de um sopro renovador; que insuflará novas energias no pacto republicano. No discurso de ontem à noite após as projecções, Ségolène mostrou essa energia. E também firmeza. Parte em posição desfavorável para a segunda volta, mas a vitória não é de todo impossível.
A França, e por via dela a própria Europa, está numa encruzilhada, isso mesmo foi entendido pelos eleitores, que também quiseram evitar a repetição do sismo político de há cinco anos.
Tão grande participação eleitoral fez recuar a extrema-direita para níveis mais modestos. Incapaz de atrair novos eleitores, Jean-Marie Le Pen viu também fugir uma parte do seu fiel eleitorado para a candidatura de Sarkozy; é um dos grandes derrotados da noite, recua quer em percentagem, quer em número de votos.
A estratégia de Sarkozy (poderíamos falar numa lepenização do discurso do candidato da UMP, ao longo da campanha) deu bons resultados, mas poderá também exacerbar uma parte não negligenciável da sociedade francesa. Por agora, a vantagem psicológica de ter sido o primeiro.
Ségolene Royal ficou cinco pontos abaixo de Sarkozy, conseguiu 25,84% dos sufrágios, um resultado muito idêntico ao obtido por Miterrand em 1981, o que desde já tem de se considerar positivo, até porque o estado do PSF não é famoso. O problema de Royal é que escasseiam os apoios à sua esquerda: somados os votos dos outros candidatos temos 10,28%. Muito pouco. Pela agregação dos sufrágios, a esquerda fica-se por uns modestos 36,12%! Não me lembro de uma esquerda tão mínima em França!
Resta assim a S. Royal virar-se para os eleitores que votaram em Bayrou, o candidato centrista da UDF. Embora do centro político, ele fez uma campanha de contornos populistas e vagamente anti-sistémica, conseguindo um resultado que vai muito para além do que eleitoralmente vale a UDF. É possível que na amálgama de votantes de Bayrou se encontrem socialistas e outros eleitores de esquerda, talvez seduzidos por sondagens que davam o centrista como o mais bem colocado para, numa segunda volta, bater Sarkozy.
A candidata socialista tem pois margem de manobra. Tem que saber federar os descontentamentos que Sarko provoca e ao mesmo tempo mostrar que está animada de um sopro renovador; que insuflará novas energias no pacto republicano. No discurso de ontem à noite após as projecções, Ségolène mostrou essa energia. E também firmeza. Parte em posição desfavorável para a segunda volta, mas a vitória não é de todo impossível.