quinta-feira, junho 14, 2007

A "escola toda" do Partido

Hoje ao almoço, enquanto despachava um Polvo à Lagareiro (enfim, parte do dito animal...), não pude deixar de ouvir a conversa da mesa do lado.
Dois jovens de meia idade (jovens de 30's, mas com aparência de serem os seus próprios irmãos mais velhos), discutiam o futuro disto.
O "disto", fácil de ver, era Portugal, o mundo.
Isto tá uma merda, mas os gajos ainda se vão lixar.
Pode não ser já, mas vão-se lixar.
A burguesia vai-se lixar.

Olááá!
Arrebitei a orelha: temos membro do Partido, certamente!

É como na Venezuela.
Ao contrário do Brasil, que tem o governo cheio de amarelos. Cheio. De amarelos. O gajo teve de fazer muitas cedências. Claro. Foi apoiado pelos outros, pelo "inimigo" (sic, a sério).
Nããã...
Sim, foi, acredita!
Mas na Venezuela a burguesia distraíu-se. Enquanto preparavam o rotativismo, que era coisa para aí com 40 anos, Ele (sim, esse Ele), foi ter com o Partido e começou a preparar as massas. O partido organizou as coisas; os camaradas de lá são coisa a sério. Quando os meios de comunicação da burguesia começaram a dizer que Ele (sim, o Neo-Messias) podia ganhar, zás, os excluídos que nunca votavam, resolveram votar em peso Nele.
É que ele procura ter sempre a certificação do voto, para poder prosseguir a revolução.

(Interrupção telefónica para dar instruções a um outro camarada mais desorientado com as ordens do dia).

E o Iraque, e o Bush, e o capitalismo, 'tão cheios de medo da China, etc, etc...

Conta pedida, lá a paguei. Ao sair e ao passar por eles, olhei para quem tinha ajudado a tornar a minha refeição tão mais cómica do que eu esperava. Lá estava. Por baixo da camisa toda desabotoada, uma t-shirt do Che.

PS - Isto não são citações, uma vez que a memória ficou tolhida pela dificuldade em registar a catadupa de disparates proferida (outros teriam outra aopinião).
Também não é coscuvelhice de conversas alheias. Apenas me pareceu exemplar de uma certa forma de ver o mundo.