Músicas do Mundo
O Músicas de Mundo continua em alta, fiel à sua identidade de festival de todas as fusões, das simbioses estéticas mais improváveis. Respira modernidade.
Em Sines, por esta altura do ano, caem os muros e esfumam-se todas as ortodoxias. Dizer que é o grande festival de World Music do país é, parecendo elogio, porém redutor. Porque vai muito além disso, porque está na sua natureza a recusa da separação ou das categorias estanques. tradição e contemporaneidade estão fortemente entrelaçadas.
Este ano tivemos direito a uma prestação alucinante dos Gogol Bordello, que deram o seu primeiro concerto em Portugal. Fiquei com a impressão de que esta ecléctica banda, composta por imigrantes das mais diversas proveniências, podia ter tocado até de madrugada, tal a vertigem da sua música, em que o punk matriz de base é prodigiosamente contaminado por heranças culturais diversas. Da Rússia; da música romani à tradição Klezmer. Foi um concerto com uma forte componente teatral e performativa. E aquele acordeonista, que músico!, mais parecia um marinheiro saído do Couraçado Potemkine.
Antes dos Gogol Bordello, já o rapper somali K'naan havia incendiado a bela noite de Sines. Cânticos e percussões de África, ecos de rebeldia e liberdade, cruzaram-se com a linguagem Hip Hop. Vitalidade e hipnose. The Dustyfoot Philosopher é mesmo é um caso sério.
Na Sexta, também dois bons concertos: o do bandolinista brasileiro Hamilton de Holanda, fazendo apelo às ricas tradições da música do seu país e a lembrar, pela forma das composições e pelo espírito de fusão, o Hermeto Pascoa; o World Saxophone Quartet "Political Blues” contou com o saxofonista David Murray, presença crónica no Músicas do Mundo. Fizeram um Jazz a dar para o free, com o recurso à matéria-prima da canção de portesto. Assim, tivemos uma arrojada versão de machine gun, manifesto anti-guerra do lendário guitarrista Jimi Hendrix. E perpassaram ecos do Black Power, numa música que pôs à prova as sensibilidades auditivas do público.
O festival Músicas do Mundo contou também com exposições (a “Ngola Bar”, do artista angolano Kiluanji Kia Henda) e um interessante ciclo de cinema (“Música e trabalho”). E a organização sempre à altura. Está uma vez mais de parabéns a Câmara Municipal de Sines.
Em Sines, por esta altura do ano, caem os muros e esfumam-se todas as ortodoxias. Dizer que é o grande festival de World Music do país é, parecendo elogio, porém redutor. Porque vai muito além disso, porque está na sua natureza a recusa da separação ou das categorias estanques. tradição e contemporaneidade estão fortemente entrelaçadas.
Este ano tivemos direito a uma prestação alucinante dos Gogol Bordello, que deram o seu primeiro concerto em Portugal. Fiquei com a impressão de que esta ecléctica banda, composta por imigrantes das mais diversas proveniências, podia ter tocado até de madrugada, tal a vertigem da sua música, em que o punk matriz de base é prodigiosamente contaminado por heranças culturais diversas. Da Rússia; da música romani à tradição Klezmer. Foi um concerto com uma forte componente teatral e performativa. E aquele acordeonista, que músico!, mais parecia um marinheiro saído do Couraçado Potemkine.
Antes dos Gogol Bordello, já o rapper somali K'naan havia incendiado a bela noite de Sines. Cânticos e percussões de África, ecos de rebeldia e liberdade, cruzaram-se com a linguagem Hip Hop. Vitalidade e hipnose. The Dustyfoot Philosopher é mesmo é um caso sério.
Na Sexta, também dois bons concertos: o do bandolinista brasileiro Hamilton de Holanda, fazendo apelo às ricas tradições da música do seu país e a lembrar, pela forma das composições e pelo espírito de fusão, o Hermeto Pascoa; o World Saxophone Quartet "Political Blues” contou com o saxofonista David Murray, presença crónica no Músicas do Mundo. Fizeram um Jazz a dar para o free, com o recurso à matéria-prima da canção de portesto. Assim, tivemos uma arrojada versão de machine gun, manifesto anti-guerra do lendário guitarrista Jimi Hendrix. E perpassaram ecos do Black Power, numa música que pôs à prova as sensibilidades auditivas do público.
O festival Músicas do Mundo contou também com exposições (a “Ngola Bar”, do artista angolano Kiluanji Kia Henda) e um interessante ciclo de cinema (“Música e trabalho”). E a organização sempre à altura. Está uma vez mais de parabéns a Câmara Municipal de Sines.