O Reino Unido sob a ameaça terrorista
O Reino Unido outra vez assolado pelo espectro do terrorismo.
Os mentores destes atentados, felizmente gorados, tinham em vista atingir o consulado de Gordon Brown, o novo inquilino do n.º 10 de Downing Street. Dado que a notícia da sucessão de Blair era de há muito conhecida, eles apontaram para estes dias. O seu propósito era o de sempre, o de ceifar o maior número de vidas e de fazer sucumbir no medo toda uma sociedade. E do medo até à deriva securitária é só um passo. Um pequeno passo.
Parece que desta vez há estrangeiros envolvidos, mas isso não nos deve fazer esquecer que há cidadãos britânicos (e não consta que sejam tão poucos) dispostos a enveredar pelo terrorismo jihadista. E não, não basta falar da Palestina ou do Iraque. Como também não me parece que possamos explicar tais actos através da grelha de análise clássica, a da suposta falta de integração social, de que tendemos a abusar (talvez pela necessidade de tornar inteligível o fenómeno do terrorismo; de dar um sentido aquilo que ameaça o nosso modo de existir). Há algo de que falava o historiador Marc Ferro, que é o ressentimento civilizacional, uma poderosa força motora das formas violentas do conflito; porque se alimenta da história, porque trabalha sobre a memória colectiva dos povos. Para muitos destes jovens, o que conta é a ideia de um Islão redentor, ou mesmo vingador. Na sua lógica binária Islão/Ocidente, eles tendem a odiar todos aqueles traços que nós mais valorizamos; da liberdade que em princípio as mulheres usufruem à extensão dos direitos às chamadas minorias sexuais; em resumo, a aceitação da diferença ou o princípio de que a dissidência não deve ser suprimida.
A ler este artigo do THE INDEPENDENT:
Os mentores destes atentados, felizmente gorados, tinham em vista atingir o consulado de Gordon Brown, o novo inquilino do n.º 10 de Downing Street. Dado que a notícia da sucessão de Blair era de há muito conhecida, eles apontaram para estes dias. O seu propósito era o de sempre, o de ceifar o maior número de vidas e de fazer sucumbir no medo toda uma sociedade. E do medo até à deriva securitária é só um passo. Um pequeno passo.
Parece que desta vez há estrangeiros envolvidos, mas isso não nos deve fazer esquecer que há cidadãos britânicos (e não consta que sejam tão poucos) dispostos a enveredar pelo terrorismo jihadista. E não, não basta falar da Palestina ou do Iraque. Como também não me parece que possamos explicar tais actos através da grelha de análise clássica, a da suposta falta de integração social, de que tendemos a abusar (talvez pela necessidade de tornar inteligível o fenómeno do terrorismo; de dar um sentido aquilo que ameaça o nosso modo de existir). Há algo de que falava o historiador Marc Ferro, que é o ressentimento civilizacional, uma poderosa força motora das formas violentas do conflito; porque se alimenta da história, porque trabalha sobre a memória colectiva dos povos. Para muitos destes jovens, o que conta é a ideia de um Islão redentor, ou mesmo vingador. Na sua lógica binária Islão/Ocidente, eles tendem a odiar todos aqueles traços que nós mais valorizamos; da liberdade que em princípio as mulheres usufruem à extensão dos direitos às chamadas minorias sexuais; em resumo, a aceitação da diferença ou o princípio de que a dissidência não deve ser suprimida.
A ler este artigo do THE INDEPENDENT:
In the absence of achieving this impossible goal, jihadis will voraciously seek out grievances, based on the failure of the world around them to conform to their puritanical desert morality.
Is this true? A few hours before the first car bomb was discovered, a contributor to the chatroom on the Islamist al-Hesbah website wrote: "Today I say: Rejoice, by Allah, London shall be bombed." He gave his reasons for the murder plot he was clearly involved in: the Iraq war, and - just as important - the honouring of perhaps our greatest novelist, Salman Rushdie.
The choice of target - a nightclub on Ladies' Night - is also revealing. When a similar gang plotted to blow up the Ministry of Sound in 2004, they talked about their desire to burn alive the "slags dancing around".
This is a reminder that the bombers are not only blowing back against the worst in our system of government: the torture and chemical weapons in Iraq, Guantanamo Bay, and our support for Arab dictators. They oppose the best in our system of government too: the intellectual freedom to write novels that question religion, the sexual freedom of women to pick their own partners.
Is this true? A few hours before the first car bomb was discovered, a contributor to the chatroom on the Islamist al-Hesbah website wrote: "Today I say: Rejoice, by Allah, London shall be bombed." He gave his reasons for the murder plot he was clearly involved in: the Iraq war, and - just as important - the honouring of perhaps our greatest novelist, Salman Rushdie.
The choice of target - a nightclub on Ladies' Night - is also revealing. When a similar gang plotted to blow up the Ministry of Sound in 2004, they talked about their desire to burn alive the "slags dancing around".
This is a reminder that the bombers are not only blowing back against the worst in our system of government: the torture and chemical weapons in Iraq, Guantanamo Bay, and our support for Arab dictators. They oppose the best in our system of government too: the intellectual freedom to write novels that question religion, the sexual freedom of women to pick their own partners.