Do Intervencionismo Liberal
Assim mesmo. Para ilustrar um caso presente que nestes dias ocorreu no Iraque. Sim, outra vez o Iraque.
Referi-mo ao incidente que envolveu paramilitares da Blackwater, e que causou a morte de onze civis iraquianos. Não é no entanto caso virgem, não é a primeira vez que os seus mercenários, ou melhor dizendo, os seus colaboradores, para utilizar a linguagem asséptica do meio empresarial, ceifam vidas de iraquianos.
A Blackwater é a empresa responsável pela segurança e protecção do pessoal diplomático americano em missão no Iraque. Foi fundada em 1996, por Erik Prince, antigo oficial das forças especiais da marinha, com laços estreitos à direita religiosa. Um homem de fé.
A Blackwater é apenas a ponta do icebergue, de um prática cada mais disseminada na lógica de guerra da hiperpotência americana, e que poderíamos designar pela contratação de serviços privados, talvez porque as empresas são mais eficientes do que o Estado, como postula a ideologia.
Mercenário é aqui palavra em desuso, ofuscada pelos intricados sistemas de subcontratação e prestação de serviços, cada vez mais dominantes na linguagem, mesmo que insistamos em ver neles um eufemismo para velhas práticas.
Tais empresas operam à margem do Direito e das convenções internacionais, na prática, são mais eficientes a executar determinadas missões, ao contrário dos soldados ao serviço de um Estado-nação democrático, que em princípio estarão sujeitos ao escrutínio das opiniões públicas. Os paramilitares e seus chefes, porém, não conhecem limites éticos. O Iraque tem sido um filão para estas empresas de prestação de serviços no domínio da segurança (em sentido lato), com a prestimosa ajuda da administração Bush, cuja prática política poderíamos inscrever num processo mais vasto de privatização das funções do Estado. Não é assim de admirar que um dia destes o nosso mundo se assemelhe às ficções de Philip K. Dick ou de Robert A. Heinlein.
Referi-mo ao incidente que envolveu paramilitares da Blackwater, e que causou a morte de onze civis iraquianos. Não é no entanto caso virgem, não é a primeira vez que os seus mercenários, ou melhor dizendo, os seus colaboradores, para utilizar a linguagem asséptica do meio empresarial, ceifam vidas de iraquianos.
A Blackwater é a empresa responsável pela segurança e protecção do pessoal diplomático americano em missão no Iraque. Foi fundada em 1996, por Erik Prince, antigo oficial das forças especiais da marinha, com laços estreitos à direita religiosa. Um homem de fé.
A Blackwater é apenas a ponta do icebergue, de um prática cada mais disseminada na lógica de guerra da hiperpotência americana, e que poderíamos designar pela contratação de serviços privados, talvez porque as empresas são mais eficientes do que o Estado, como postula a ideologia.
Mercenário é aqui palavra em desuso, ofuscada pelos intricados sistemas de subcontratação e prestação de serviços, cada vez mais dominantes na linguagem, mesmo que insistamos em ver neles um eufemismo para velhas práticas.
Tais empresas operam à margem do Direito e das convenções internacionais, na prática, são mais eficientes a executar determinadas missões, ao contrário dos soldados ao serviço de um Estado-nação democrático, que em princípio estarão sujeitos ao escrutínio das opiniões públicas. Os paramilitares e seus chefes, porém, não conhecem limites éticos. O Iraque tem sido um filão para estas empresas de prestação de serviços no domínio da segurança (em sentido lato), com a prestimosa ajuda da administração Bush, cuja prática política poderíamos inscrever num processo mais vasto de privatização das funções do Estado. Não é assim de admirar que um dia destes o nosso mundo se assemelhe às ficções de Philip K. Dick ou de Robert A. Heinlein.