Da independência supervisionada
Kosovo. A União Europeia arranjou a fórmula algo bizantina da independência supervisionada para a ainda província sérvia. Todos falam da inevitabilidade da independência, e não raro invocam o argumento demográfico (é de presumir que, no futuro, outros também invoquem a demografia em sua defesa).
Os europeus, que é bom lembrar foram os instigadores da intervenção militar da Nato, pela mão do amigo americano, urdiram esta ficção diplomática mais para reduzir os riscos internos de uma divisão (o espectro do Iraque ainda está bem vivo) do que para preservar os sérvios kosovares. Aliás, a sorte dos refugiados sérvios nunca pareceu interessar muito aos responsáveis da Europa; Da Krajina ao Kosovo, a mesma triste história.
É de facto espantoso ver os líderes europeus, acompanhados pela legião de publicistas do costume, falarem de direitos humanos e de respeito pela legalidade internacional, quando fazem tábua rasa dos acordos antes assinados, e que preservavam a integridade territorial da Jugoslávia e, depois, da Sérvia.
E é interessante verificar que, na lógica desta independência supervisionada, os albaneses kosovares têm direito à autodeterminação, mas já os sérvios do território não podem decidir em liberdade qual o seu destino. Para eles, a União Europeia acena com uma constituição, que no futuro estado independente do Kosovo garantirá os direitos das minorias, e com a presença militar da Nato. Imaginamos pois o que será tal constituição nas mãos das gentes de Hashim Thaci, os antigos guerrilheiros do UCK. E se a imensa maioria albanesa mais a sua demografia galopante não a vão embargar, num dado momento do processo histórico. E quanto à Nato, os sérvios sabem o que ela tem significado: uma incipiente protecção, que não impediu pilhagens, destruição de monumentos e assassinatos. Desde que a Nato substituiu o exército jugoslavo, as minorias étnicas no território viram o seu número diminuir. Paradoxalmente, o Kosovo é hoje um lugar muito menos multiétnico do que antes da intervenção militar, de uma intervenção militar empreendida em nome da tolerância e da diversidade.
Face a este quadro, o mínimo que se exigia aos europeus era que equacionassem a partição do Kosovo, permanecendo o norte sérvio e mais alguns enclaves na República da Sérvia. Seria uma réstia de bom-senso, mas os europeus não irão por aí.
Os europeus, que é bom lembrar foram os instigadores da intervenção militar da Nato, pela mão do amigo americano, urdiram esta ficção diplomática mais para reduzir os riscos internos de uma divisão (o espectro do Iraque ainda está bem vivo) do que para preservar os sérvios kosovares. Aliás, a sorte dos refugiados sérvios nunca pareceu interessar muito aos responsáveis da Europa; Da Krajina ao Kosovo, a mesma triste história.
É de facto espantoso ver os líderes europeus, acompanhados pela legião de publicistas do costume, falarem de direitos humanos e de respeito pela legalidade internacional, quando fazem tábua rasa dos acordos antes assinados, e que preservavam a integridade territorial da Jugoslávia e, depois, da Sérvia.
E é interessante verificar que, na lógica desta independência supervisionada, os albaneses kosovares têm direito à autodeterminação, mas já os sérvios do território não podem decidir em liberdade qual o seu destino. Para eles, a União Europeia acena com uma constituição, que no futuro estado independente do Kosovo garantirá os direitos das minorias, e com a presença militar da Nato. Imaginamos pois o que será tal constituição nas mãos das gentes de Hashim Thaci, os antigos guerrilheiros do UCK. E se a imensa maioria albanesa mais a sua demografia galopante não a vão embargar, num dado momento do processo histórico. E quanto à Nato, os sérvios sabem o que ela tem significado: uma incipiente protecção, que não impediu pilhagens, destruição de monumentos e assassinatos. Desde que a Nato substituiu o exército jugoslavo, as minorias étnicas no território viram o seu número diminuir. Paradoxalmente, o Kosovo é hoje um lugar muito menos multiétnico do que antes da intervenção militar, de uma intervenção militar empreendida em nome da tolerância e da diversidade.
Face a este quadro, o mínimo que se exigia aos europeus era que equacionassem a partição do Kosovo, permanecendo o norte sérvio e mais alguns enclaves na República da Sérvia. Seria uma réstia de bom-senso, mas os europeus não irão por aí.