A liberdade e o consumo que é nossa condição
Se em 1600 era tarefa difícil escrever um prefácio a
Hoje, como nos tempos de La Boétie e Montaigne, a alienação é demasiado doce (como a Coca-Cola) e a liberdade demasiado amarga, porque está demasiado próxima da solidão. E da loucura.
O discurso que hoje endeusa a liberdade individual não merece mais crédito do que qualquer outro discurso político-ideológico. Hoje, mais do que ontem, a liberdade individual é só aquilo que o poder, através das suas máquinas de propaganda, houver por bem considerar liberdade.
Não é fácil responder a perguntas como estas: O que vale a liberdade, para que serve a liberdade nas sociedades de consumo? Quanto custa a liberdade, que vantagens traz a liberdade nas sociedades de consumo? Que força tem, que crédito pode merecer a liberdade na sociedade do espectáculo? Quem é que se exprime em liberdade na sociedade do espectáculo?
Manuel João Gomes, in Prefácio difícil apesar da ajuda de Montaigne (ao Discurso sobre a Servidão Voluntária)
Manuel João Gomes, in Prefácio difícil apesar da ajuda de Montaigne (ao Discurso sobre a Servidão Voluntária)