Dom Policarpo e o espectro do Islão
Nas palavras de Dom José Policarpo, o eco de um Islão que é espectro que assola a Europa.
As igrejas estão à míngua e o rebanho definha, enquanto as mesquitas se enchem de fiéis aqui mesmo ao lado, em Espanha, para não falarmos de Itália ou de França. A nossa Europa Mediterrânica cada vez menos católica. Cada vez mais secular e islâmica. E a demografia em pano de fundo.
Perante este quadro, é assaz provável que os filhos saídos de casamentos mistos, entre uma rapariga portuguesa mais ou menos católica e um rapaz muçulmano, sejam educados nos preceitos do Islão. E que se tornem muçulmanos. É esta angústia que atormenta o cardeal patriarca de Lisboa.
O Islão não é uma realidade monolítica. É preciso ver os homens e as suas circunstâncias. E as culturas e as geografias, sociais e políticas, que se entrelaçam com o Islão e, à sua maneira, o moldam, embora sejam também moldadas por este. É assim que, na Arábia Saudita, às mulheres está proibida, entre outras coisas, a condução de automóveis, enquanto no Líbano ou no Irão elas são eleitas para cargos públicos. E já nem falo das raparigas muçulmanas que vi em Sarajevo, deliciosas na sua mistura de “Ocidente” e “Oriente”.
Mas quando se fala do Islão, os estereótipos têm muita força, e mesmo se há neles um fundo de verdade, é sabido que estão longe, muito longe, de esgotar a realidade. É provável que Dom José Policarpo saiba mais de Islão do que a maioria de nós, que agora o criticamos pelo carácter redutor das suas palavras. Nas reacções epidérmicas, há também o medo do islamismo que muitos erradamente confundem com o Islão. O islamismo está ligada à esfera temporal, ou política, visa a conformação das instituições aos “preceitos do Islão”. Vai beber a sua legitimidade ao Islão, mas este não se resume àquele. Mesmo se o islamismo é um poderoso actor dos nossos dias, com forte influência nas comunidades muçulmanas que se estabeleceram pela nossa Europa. Condiciona, amiúde, os termos do debate ou do discurso na esfera pública. E isto assusta.
As igrejas estão à míngua e o rebanho definha, enquanto as mesquitas se enchem de fiéis aqui mesmo ao lado, em Espanha, para não falarmos de Itália ou de França. A nossa Europa Mediterrânica cada vez menos católica. Cada vez mais secular e islâmica. E a demografia em pano de fundo.
Perante este quadro, é assaz provável que os filhos saídos de casamentos mistos, entre uma rapariga portuguesa mais ou menos católica e um rapaz muçulmano, sejam educados nos preceitos do Islão. E que se tornem muçulmanos. É esta angústia que atormenta o cardeal patriarca de Lisboa.
O Islão não é uma realidade monolítica. É preciso ver os homens e as suas circunstâncias. E as culturas e as geografias, sociais e políticas, que se entrelaçam com o Islão e, à sua maneira, o moldam, embora sejam também moldadas por este. É assim que, na Arábia Saudita, às mulheres está proibida, entre outras coisas, a condução de automóveis, enquanto no Líbano ou no Irão elas são eleitas para cargos públicos. E já nem falo das raparigas muçulmanas que vi em Sarajevo, deliciosas na sua mistura de “Ocidente” e “Oriente”.
Mas quando se fala do Islão, os estereótipos têm muita força, e mesmo se há neles um fundo de verdade, é sabido que estão longe, muito longe, de esgotar a realidade. É provável que Dom José Policarpo saiba mais de Islão do que a maioria de nós, que agora o criticamos pelo carácter redutor das suas palavras. Nas reacções epidérmicas, há também o medo do islamismo que muitos erradamente confundem com o Islão. O islamismo está ligada à esfera temporal, ou política, visa a conformação das instituições aos “preceitos do Islão”. Vai beber a sua legitimidade ao Islão, mas este não se resume àquele. Mesmo se o islamismo é um poderoso actor dos nossos dias, com forte influência nas comunidades muçulmanas que se estabeleceram pela nossa Europa. Condiciona, amiúde, os termos do debate ou do discurso na esfera pública. E isto assusta.