segunda-feira, janeiro 19, 2009

Uma guerra inútil. Um crime


Como era de esperar, Israel cessou de flagelar Gaza e a sua martirizada população, agora que se escoam rapidamente as últimas horas da presidência de Bush filho e se aproxima o tão ansiado momento da tomada de posse de Barack Obama.

Qual o sentido desta guerra, ou melhor dizendo, desta punição colectiva imposta às gentes de Gaza, de há muito sujeitas a um quotidiano feito das mais duras privações? Punição que não acaba em Israel, que tem outros responsáveis, no limite, essa entidade de contornos mais ou menos indefinidos que dá pelo nome de Comunidade Internacional. Não sancionou a Comunidade Internacional o bloqueio israelita, por terra e mar, à população de Gaza, cujo único crime foi eleger, em eleições democráticas, o Hamas para o governo dos assuntos palestinianos? Sim, os habitantes de Gaza foram punidos por causa do seu voto. Porque prefiram os islamistas do Hamas, que lhes proporcionavam ao menos uma rede de apoio social, à Fatah, corroída pela corrupção e o crime.

Israel, com um governo percepcionado como fraco, pela opinião pública, e com eleições à porta, aproveitou a ocasião, sob a forma de uns rockets artesanais de eficácia pífia, para espalhar a doutrina do choque e pavor em Gaza, ceifando a vida a um sem-número de civis, enclausurados nessa estreita e densamente povoada faixa de território. Não é demais dizer que os habitantes de Gaza pagaram o preço da humilhação sofrida pelo exército israelita, às mãos das milícias do Hezbollah, há dois anos atrás, no Líbano.

Israel uma vez mais prisioneiro da razão da força, o que é revelador da cobardia política dos seus dirigentes, que têm asfixiado as instituições palestinianas e continuado a fazer vista grossa à construção de colonatos na Cisjordânia. Não se vislumbram, lamentavelmente, políticos da fibra de um Isaac Rabin.