sexta-feira, outubro 30, 2009

Jon Hassel - Sons do 4.º Mundo


Umas notas soltas sobre o concerto de Jon Hassel no Teatro Maria Matos.
O inventor de novas geografias musicais, traduzidas na expressão 4.º. Mundo, trouxe consigo músicos de proveniência e linguagens várias. Da Noruega vieram Jan Bang, excelente na manipulação dos samplers, e Eivind Aarset na guitarra e no baixo, mais discreto mas não menos eficaz. Da Argélia veio o violinista Kheir-Eddine M´Kachiche, que impregnou a sala de atmosferas do Oriente. Juntamente com o compositor e trompetista Jon Hassel, eles formam o grupo Maarifa Street, projecto musical que ainda não conhecia e de que tomei contacto no concerto (o disco, esse, já o tenho encomendado).
Jon Hassel ofereceu-nos uma só peça ao longo de uma hora e pouco de música. Foi uma peça feita de alguma contenção em registo de ambient music, mas com momentos mágicos. O trompete de Hassel remetia-nos ora para o futuro ora para tempos ancestrais. E dos samplers e dos laptops saíam sons de sabor minimalista, bem temperados pelo calor emanado do violino de Kheir-Eddine M´Kachiche.

No fim do espectáculo, Jon Hassel agradeceu os aplausos do público, mas reconheceu, num gesto que só atesta a sua grandeza de espírito, que o concerto não tinha corrido como esperava. Reconheceu fragilidades, numa música que, como ele bem frisou, não tem páginas escritas. É com a vida: nunca se sabe aonde é que ela nos leva, porque o futuro é um lugar incerto.
Eu, pela minha parte, digo que foi um privilégio ter assistido ao concerto de Jon Hassel. Na primeira vez em que ele esteve entre nós.