A austeridade a que temos direito e a via argentina
Fomos em socorro dos bancos e, muito em particular, dos devaneios de gestores estranhamente considerados imprescindíveis pela nossa civilização. E acabámos presos num cabo das tormentas.
Sintoma da irracionalidade do nosso mundo, o mercado, essa nebulosa maníaco-depressiva, primeiro, entrou em êxtase com a acção dos estados no resgate dos principais potentados da alta finança, depois caiu em depressão por causa do endividamento desses mesmos estados.
Moral da história: os estados transferiram o fardo financeiro dos bancos para si mesmos, ficando a braços com défices e dívidas públicas monumentais. E como sempre, é ao trabalho que são impostos os maiores sacrifícios. Quanto ao capital, os governos raramente vão além das medidas simbólicas, meros simulacros de um esforço colectivo.
Vêm aí tempos difíceis para os povos desta nossa Europa refém de tecnocracias várias. Estamos todos nos mesmo barco. Nós, os gregos e os espanhóis.
Será o nosso caminho o da saída do euro? A via argentina para qualquer coisa de intermédio? É o que propõe, para a Grécia, George Irvin, num artigo de Opinião no Guardian:
In truth, Greece does have an alternative. Instead of submitting to the ferocious and pro-cyclical conditionality imposed by Germany and the IMF – cutting its budget deficit by 11% over three years in return for a €120bn (£104bn) loan – it could follow Argentina's example in 2001-02, and default on the bulk of its sovereign debt. This would mean abandoning the euro, introducing a "new drachma" and probably devaluing by 50% or more.
[...]
Eight years ago, Argentina defaulted on the major part of its sovereign debt and survived quite well. Many economists predicted that Argentina's debt default would result in currency collapse, hyperinflation and even greater economic contraction than it had endured during its 1999-2002 recession. Instead, after the 2001-02 debt default and subsequent devaluation against the dollar (from 1:1 to 3:1), GDP grew at over 8% per annum over the period 2003-2007 and annual inflation fell from over 10% per month in early 2002 to less than 10% per annum. By 2005, Argentina had sufficient reserves to allow President Néstor Kirchner to pay off its remaining $9.8bn (£6.4bn) loan from the IMF in full and discontinue its programme with them.
Sintoma da irracionalidade do nosso mundo, o mercado, essa nebulosa maníaco-depressiva, primeiro, entrou em êxtase com a acção dos estados no resgate dos principais potentados da alta finança, depois caiu em depressão por causa do endividamento desses mesmos estados.
Moral da história: os estados transferiram o fardo financeiro dos bancos para si mesmos, ficando a braços com défices e dívidas públicas monumentais. E como sempre, é ao trabalho que são impostos os maiores sacrifícios. Quanto ao capital, os governos raramente vão além das medidas simbólicas, meros simulacros de um esforço colectivo.
Vêm aí tempos difíceis para os povos desta nossa Europa refém de tecnocracias várias. Estamos todos nos mesmo barco. Nós, os gregos e os espanhóis.
Será o nosso caminho o da saída do euro? A via argentina para qualquer coisa de intermédio? É o que propõe, para a Grécia, George Irvin, num artigo de Opinião no Guardian:
In truth, Greece does have an alternative. Instead of submitting to the ferocious and pro-cyclical conditionality imposed by Germany and the IMF – cutting its budget deficit by 11% over three years in return for a €120bn (£104bn) loan – it could follow Argentina's example in 2001-02, and default on the bulk of its sovereign debt. This would mean abandoning the euro, introducing a "new drachma" and probably devaluing by 50% or more.
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Eight years ago, Argentina defaulted on the major part of its sovereign debt and survived quite well. Many economists predicted that Argentina's debt default would result in currency collapse, hyperinflation and even greater economic contraction than it had endured during its 1999-2002 recession. Instead, after the 2001-02 debt default and subsequent devaluation against the dollar (from 1:1 to 3:1), GDP grew at over 8% per annum over the period 2003-2007 and annual inflation fell from over 10% per month in early 2002 to less than 10% per annum. By 2005, Argentina had sufficient reserves to allow President Néstor Kirchner to pay off its remaining $9.8bn (£6.4bn) loan from the IMF in full and discontinue its programme with them.