quinta-feira, dezembro 02, 2004

Alberto João Jardim pronuncia-se

O presidente do governo regional da Madeira acha que Sampaio apenas esperou que o PS se reorganizasse depois da saída de Ferro Rodrigues para, aproveitando as estaladas e pontapés que o governo de Pedro Santana Lopes recebeu, dissover a assembleia.
Para além da comunicação social, também Cavaco Silva é visado nestas declarações:

"«anda a fazer declarações públicas que prejudicam o PSD, que causam agitação e instabilidade no país e que ainda por cima tem a ousadia de se permitir definir quem são os bons e os maus políticos. «O professor Cavaco Silva cria esta agitação ao ponto de defender o actual sistema constitucional e ao ponto, veja- se, de receber elogios públicos de Mário Soares, o que não é uma boa recomendação»".
Por isso, PSL recebe todo o seu apoio:

"só o facto do professor Cavaco Silva não gostar que ele seja o líder do partido é mais uma razão para eu apoiar Santana Lopes»".

Parece-me que se acentua a demarcação de apoios dentro do PSD e cada vez menos se fala de ideias e políticas para o país. Neste momento, os bons e maus políticos do PSD, esquecem-se das reformas que estavam alinhadas (Lei das Rendas e introdução de portagens nas SCUDs, por exemplo) e estão ocupados a contar espingardas. Miguel Veiga já disse que seria desejável que PSL fosse substituido. Mas Santana Lopes acabou de vencer, por quase unanimidade de votos dos delegados, o congresso. Não significa isso que as bases estão unidas à sua volta?
Continuam a dar argumentos aos que defendem que a instabilidade no governo, resultante das desavenças no principal partido da coligação (com impacto nesta), foi óbvia e fundada razão para a decisão de Sampaio. O eleitorado deve questionar-se sobre se, a manter-se esta desunião (ou a acentuar-se), o PSD estará apto a apresentar uma equipa coerente para aplicar o seu programa de governo. Como normalmente esta equipa só é conhecida após as eleições, o grau de incerteza dos eleitores aumenta.
Por outro lado o CDS/PP pode capitalizar o facto de nunca ter sido factor destabilizador e de os seus ministros terem deixado, de modo geral, uma imagem de servidores com sentido de estado. Algum eleitorado do PSD pode pesar tudo isto e votar mais à direita.