Eleições palestinianas
As recentes eleições palestinianas acabaram com o resultado esperado : vitória folgada de Mahmoud Abbas, o candidato da Fatah e preferido do Ocidente e de Israel em particular.
Assistimos, no mundo árabe, às segundas eleições livres por sufrágio universal directo. As primeira sufragaram Yasser Arafat, recordação incómoda para muitos, e bem mais popular que o líder agora eleito.
A comissão eleitoral palestiniana não forneceu dados sobre a taxa de participação. Pensa-se que terá sido acima dos 50% para os eleitores inscritos, mas menos de metade do universo dos eleitores potenciais. Esta informação permitiria medir a real extensão do apoio ao Hamas, o movimento islamista que decidiu não participar no acto eleitoral.
Não estando portanto em causa a legitimidade do acto eleitoral, subsistem dúvidas sobre a solidez dos apoios de Abbas no seio da sociedade Palestiniana. Até porque, é bom recordar, o líder mais popular, Marwan Barghouti, não se apresentou a eleições, encarcerado que está numa prisão israelita. É no entanto ele que dispõe de forte legitimidade, pelo seu papel nas intifadas, e por isso o mais capaz de travar a erosão da autoridade Palestiniana e a ascensão do Hamas.
A paz negoceia-se com lideranças fortes, legitimadas pelos seus próprios povos e, nessa medida, capazes de fazer concessões. Não é privando o povo palestinianos dos seus líderes mais populares que Israel alcançará um modus vivendis pacífico na região.
E os líderes palestinianos não podem aceitar menos do que a remoção de todos os colonatos da faixa de Gaza e da Cisjordânia e uma certa partilha de Jerusalém oriental; a aceitação dessas condições permitiria renunciar ao direito de retorno dos refugiados.
Para Israel, a actual política é a um tempo messiânica e suicidária : os sonhos de anexação de parte da Cisjordânia, em que a retirada de Gaza se dá apenas por num território exíguo, e densamente povoado, ser insustentável a defesa de perto de cinco mil colonos rodeados por mais de 1 milhão e meio de palestinianos, conduzirão ao desastre. Dentro de trinta, ou talvez cinquenta anos, haverá mais árabes do que judeus no seio do estado israelista. Renunciarão estes ao sistema democrático para viverem numa espécie de regime de apartheid? Ou assistiremos à concretização do sonho de Edward Said, um estado laico binacional, à imagem da orquestra de Daniel Barenboim, composta por músicos palestinianos e israelitas?
Assistimos, no mundo árabe, às segundas eleições livres por sufrágio universal directo. As primeira sufragaram Yasser Arafat, recordação incómoda para muitos, e bem mais popular que o líder agora eleito.
A comissão eleitoral palestiniana não forneceu dados sobre a taxa de participação. Pensa-se que terá sido acima dos 50% para os eleitores inscritos, mas menos de metade do universo dos eleitores potenciais. Esta informação permitiria medir a real extensão do apoio ao Hamas, o movimento islamista que decidiu não participar no acto eleitoral.
Não estando portanto em causa a legitimidade do acto eleitoral, subsistem dúvidas sobre a solidez dos apoios de Abbas no seio da sociedade Palestiniana. Até porque, é bom recordar, o líder mais popular, Marwan Barghouti, não se apresentou a eleições, encarcerado que está numa prisão israelita. É no entanto ele que dispõe de forte legitimidade, pelo seu papel nas intifadas, e por isso o mais capaz de travar a erosão da autoridade Palestiniana e a ascensão do Hamas.
A paz negoceia-se com lideranças fortes, legitimadas pelos seus próprios povos e, nessa medida, capazes de fazer concessões. Não é privando o povo palestinianos dos seus líderes mais populares que Israel alcançará um modus vivendis pacífico na região.
E os líderes palestinianos não podem aceitar menos do que a remoção de todos os colonatos da faixa de Gaza e da Cisjordânia e uma certa partilha de Jerusalém oriental; a aceitação dessas condições permitiria renunciar ao direito de retorno dos refugiados.
Para Israel, a actual política é a um tempo messiânica e suicidária : os sonhos de anexação de parte da Cisjordânia, em que a retirada de Gaza se dá apenas por num território exíguo, e densamente povoado, ser insustentável a defesa de perto de cinco mil colonos rodeados por mais de 1 milhão e meio de palestinianos, conduzirão ao desastre. Dentro de trinta, ou talvez cinquenta anos, haverá mais árabes do que judeus no seio do estado israelista. Renunciarão estes ao sistema democrático para viverem numa espécie de regime de apartheid? Ou assistiremos à concretização do sonho de Edward Said, um estado laico binacional, à imagem da orquestra de Daniel Barenboim, composta por músicos palestinianos e israelitas?