quinta-feira, dezembro 14, 2006

Para terminar

Com este post, dou por encerrada da minha parte, a interessante discussão iniciada pela morte de Augusto Pinochet, antigo ditador chileno. A apontar que ela surgiu provocada pelo seu desaparecimento, em circunstâncias que favorecem um "salpico emocional" (para usar um eufemismo) por parte de quem defende que ele salvou o país de se tornar mais um paraíso marxista ou por parte dos que consideram que Allende não caminhava para a construção de mais um estado comunista à semelhança do que se passava atrás da cortina de ferro.
Depois do que li, em textos que estão nos dois lados, reforcei a convicção que o programa de governo de Allende era altamente iliberal e que do ponto de vista marxista, quando muito, pecava por não ser mais drástico no aprofundar do caminho para a revolução proletária - como lhe lembrou Castro quando visitou o Chile.
Como não tenho uma visão consequencialista da política nem da economia (da sociedade), o caminho seguido pelos golpistas de 1973, na gestão do sistema político e das liberdades individuais, não pode ter a minha aprovação, ainda que as políticas económicas que seguiram tenham muito a ver com as minhas posições e tenham tornado o Chile na mais próspera economia sul-americana. Julgar os ditadores pelo saldo entre o número de mortos e os seus resultados atingidos, foi prática noutras utopias que durante o século XX muito sofrimento causaram e que ainda prevalecem em alguns pontos do planeta.
Os fins atingidos por Pinochet, não justificam os espezinhar de certos valores, mesmo quando os que sofreram esses atropelos graves não tenham eles próprios em grande conta esses valores. Se isso é uma posição angelical/ingénua e passível de ser derrubada à paulada por aqueles que se estão bem a borrifar para a defesa desses valores, paciência...

Noutro aspecto (e espero que num tom menos emocional...), gostaria de contrapôr alguns outros dados sobre os resultados económicos da políticas seguidas por Allende (que poderão ser contraditados por outros dados que sejam disponibilizados):

Except for inflation, the economic indices were good as Salvador Allende took power late in 1970. Copper prices were strong and unemployment was about 3 percent. Allende moved quickly to socialize the economy by seizing some foreign firms and taking over banks.(...)
Food output fell sharply. In December 1971, thousands of Chilean women marched in the streets of Santiago, banging on empty pots and pans to dramatize the growth of shortages and skyrocketing prices. (...)
He soon announced that the government would be in charge of all food distribution, and "neighborhood vigilance committees would watch for black-market or other non-approved activities." He seized control of the Kennecott and Anaconda copper mines and provided no compensation to their owners, with the obvious result that foreign investment in Chilean industries decreased sharply.
As the economy shrank while government spending increased, currency printing presses worked overtime and inflation leaped. The consumer price index, which stood at 100 in December 1970, was at 122 a year later and 322 in December 1972; in September 1973, it was at 942. Money in circulation soared from 3.7 billion pesos when Allende took office to 74 billion in September 1973. Runaway inflation received the most attention early in 1973, along with Education Minister Jorge Tapia's announcement that the government would establish a single nationwide curriculum, modeled on East Germany's, that would include compulsory courses on Marxism.